Em janeiro de 2012 assumi a editoria da Tribuna Feirense, na difícil missão de substituir Valdomiro Silva, que tinha deixado a sociedade no jornal ao final do ano anterior e viria a ser um ano depois o secretário de Comunicação de José Ronaldo, eleito prefeito pela terceira vez.
Difícil missão também de manter acesa, em meio a crescentes dificuldades econômicas, a chama do jornalismo independente praticado pelo jornal. Creio que conseguimos, a despeito da limitação de recursos, honrando a confiança dos leitores, tanto os novos quanto os que acompanham este veículo desde seu lançamento em 1999.
No final do mês passado minha tarefa na Tribuna chegou ao fim, o que terão notado os leitores mais assíduos, já que em abril apenas dois textos meus chegaram a este blog, antes alimentado regularmente, principalmente depois que encerramos a edição impressa em agosto de 2016. Compensarei esta ausência em outro meio e continuarei a ser um amigo e aliado da Tribuna, se houver algo em que possa contribuir.
Quando as condições permitirem é desejo do médico/cronista/jornalista César Oliveira retomar edições impressas da Tribuna Feirense, ainda que restritas a uma periodicidade mensal. Torço - e devem torcer todos os que querem bem à cidade - para que isto ocorra o mais breve possível.
A Tribuna impressa faz falta à cidade. Até lá, o site continuará a dar sua contribuição, como nunca deixou de fazer.
Meus agradecimentos ao obstinado César Oliveira e a todos os leitores.
Glauco Wanderley
Mergulhada numa crise orçamentária e administrativa que torna incerto até o bom funcionamento do que já existe, parece pouco provável que a Universidade Estadual de Feira de Santana seja capaz de agregar novos serviços ao que oferece para seu público interno e externo. São vários os sonhos arquivados e obras paralisadas. São muitas as precariedades e demandas nos diversos cursos. Mas o ambulatório que funcionaria no CSU talvez seja a mais emblemática demonstração da paralisia que se abate sobre a instituição.
Faz um ano que a Tribuna Feirense publicou em sua edição impressa (capa e página 9) e aqui no site, uma matéria sobre o assunto. Justamente porque já era na ocasião uma “obra de igreja”, dessas que nunca chegam ao fim. Desde então, a parte física do projeto ficou pronta. E pronta está, porém fechada há meses, sem funcionar.
É difícil até mesmo obter informações sobre o atual estágio da intenção de implantar o ambulatório. Fizemos contatos com a assessoria de comunicação da Universidade, que após alguma pesquisa interna descobriu que faltam os equipamentos para que ele comece a funcionar. Tais equipamentos viriam por meio de um convênio com a prefeitura de Feira de Santana, mas era a “professora Silvone” quem iria me colocar a par do andamento do processo.
Por telefone, consegui falar com a professora. Ela me contou que de fato a obra ficara pronta ano passado e falou da necessidade de um convênio com a Secretaria de Saúde do Estado para compra dos equipamentos para fazer funcionar uma “clínica de atenção especializada”. Porém antes que eu pudesse obter mais informações a ligação caiu e apesar de várias tentativas nunca mais consegui falar com aquele número.
E assim, cinco anos depois de anunciada a criação do ambulatório no CSU, ele continua a ser uma promessa. Quando primeiro se falou do assunto o reitor ainda era José Carlos e o secretário de Saúde, Jorge Solla. O interlocutor da cidade com o governo de Jaques Wagner era como hoje, o mesmo: o deputado estadual Zé Neto.
Como a prefeitura foi mencionada pela assessoria de Comunicação da Uefs como uma das partes que poderiam viabilizar o projeto, procurei a secretária Denise Mascarenhas. Mas ela parece estar na mesma situação que a reportagem, ou seja, carente de informações. “Na realidade eles conversaram comigo há mais ou menos um ano ou um pouco mais. Mas não retomaram a conversa. Se tiver algum convênio, claro que temos interesse. Estou à disposição para conversar e ver quais são os propósitos deste convênio. Estou aguardando”.
Aguardam todos. A secretária, os alunos de Medicina, que teriam no ambulatório um espaço para aprendizado e a população que teria mais um espaço de atenção à saúde ainda tão precária.
Ao anunciar corte de ponto dos professores em greve José Ronaldo endurece o jogo pela primeira vez com a APLB desde o início de seu terceiro mandato, em 2013.
A categoria vem conseguindo sucessivas concessões do prefeito, que, apesar de estar em fase de ensaio para uma candidatura a cargo mais elevado em 2018, não parece disposto a ceder além do que fez ao longo dos últimos cinco anos.
Em todos eles os professores tiveram aumento real, ou seja, acima da inflação. Os demais servidores do município estão restritos a ter o salário reajustado, em maio, pela inflação do ano anterior, o que não deixa de ser uma perda adicional, porque quando o reajuste vem, já estão acumulados cinco meses da inflação do ano vigente. Cargos de confiança, pelo menos os do primeiro escalão, o secretariado, estão com o mesmo salário desde 2013.
Para comparar, o servidor que ganhasse R$ 1.000 no final de 2012, teria com o reajuste pela inflação dos últimos cinco anos, salário de R$ 1.351 para 2017. Já um professor que ganhasse R$ 1.000 chegaria em 2017 a R$ 1.484,20. Este cálculo considera que os servidores municipais fora da Educação terão reajuste pela inflação, como ocorreu até aqui. O anúncio ainda não foi feito. Os professores, que estão em greve, já tiveram a oferta de um pequeno aumento real para este ano (7,64%, para uma inflação de 6,29% em 2016).
Os professores, além dos aumentos sempre acima da inflação, ganharam desde 2015 o direito de receber aumento em janeiro. Foi o ano em que o sindicato da categoria, a APLB, passou a ser comandado por Marlede Oliveira.
Em 2016, os professores fizeram greve aproximadamente por um mês e conquistaram o direito de reservar 30% da carga horária para planejamento, ou seja, fora de sala de aula.
Quanto vale um deputado do PP, incluídos aí quatro baianos, inclusive o que hoje é vice-governador? Pelo menos no esquema de propinas da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, algo entre R$ 30 e R$ 150 mil mensais, se não fizer parte da cúpula do partido. Já na cúpula, a mesada subia para somas entre R$ 250 mil e R$ 300 mil (a diferença ocorre porque a arrecadação varia de um mês para outro).
As acusações constam em delações premiadas de investigados na operação Lava Jato e estão na ação civil pública por ato de improbidade administrativa divulgada ontem pelo Ministério Público Federal no Paraná, na qual se pede o ressarcimento, pelo partido, do valor de R$ 2,3 bilhões ao cofres públicos.
Entre os baianos, o grupo de beneficiários inclui o ex-deputado e atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, Mário Negromonte, o seu filho deputado Mário Negromonte Júnior, o deputado Roberto Britto e o vice-governador João Leão. Com a ressalva de que o nome deste último está citado no texto da ação mas não foi incluído entre os denunciados. Leão entretanto entrou na lista de denunciados pelo procurador Rodrigo Janot encaminhada ao STF em 2015. Dois anos depois, dos muitos políticos citados ali, apenas cinco viraram réus até hoje. O caso dos outros está parado. João Leão já esteve na Polícia Federal prestando depoimento e trata seu caso como assunto encerrado.
Segundo delação do doleiro Alberto Youssef, citada na ação do MPF-PR, os “políticos do grupo hegemônico em virtude de sua posição de destaque na cúpula partidária, ordinariamente recebiam os valores individuais mais altos, que variavam de R$ 250 mil a R$ 300 mil mensais, ou até mesmo em importâncias mais elevadas, de acordo com a arrecadação de propina do mês”.
O doleiro apontou ainda que “os demais políticos da agremiação na Câmara dos Deputados, com poucas exceções na bancada, também participavam do esquema e recebiam sua parte na distribuição das propinas, porém em valores menores, que variavam de R$ 30 mil a R$ 150 mil por mês”. Entre outros o doleiro citou João Leão, que era deputado antes de vice-governador e Roberto Pereira Britto.
Já o deputado filho de Negromonte foi incluído na ação como “alguém que contribuiu para atos de improbidade de seu pai, recebendo o repasse de propinas disfarçadas de doação eleitoral oficial”.