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André Pomponet

Movimento no comércio feirense decepciona

André Pomponet - 21 de Dezembro de 2016 | 13h 06
Movimento no comércio feirense decepciona

As vendas natalinas na Feira de Santana não devem ser das mais favoráveis nesse 2016 que finda nos próximos dias. Simples observações pelas ruas da cidade indicam que o consumidor feirense está reticente, circulando muito pelas vias comerciais, mas aventurando-se pouco lojas adentro. Ressalte-se que a tendência não se verifica apenas aqui na cidade, mas em todo o País. Mais um desdobramento da terrível recessão que se arrasta há dois anos e que, por enquanto, não dá sinais de que vá arrefecer.

Todos os anos o comércio funciona em horário especial em dezembro, em função dos festejos de final de ano. É quando cresce o volume de consumidores e muita gente dispõe do décimo-terceiro salário como recurso extra. Daí o horário de funcionamento expandido, o que inclui jornadas especiais aos domingos. Em função do maior conforto, muitos preferiam comprar nessas datas.

Nos dois últimos domingos o comércio feirense funcionou. O fluxo de consumidores, comparado ao de anos anteriores, foi decepcionante. Tanto que muitas lojas sequer abriram: provavelmente, os empresários constataram que não está valendo apostar em clientes incertos, temerosos de assumir novas dívidas. Nas lojas que abriram, muitos comerciários passaram parte do dia ociosos, à espera de eventuais compradores.

Em três anos – a partir de 2014 – o mercado de trabalho feirense experimentou uma retração inédita: cerca de 10% daqueles que possuíam empregos formais perderam seus postos de trabalho. Isso para não mencionar as perdas, dificilmente estimáveis, ocorridas no mercado informal; nem a robusta compressão nos lucros de micro e pequenos empresários que ajudam a dinamizar a economia feirense.

Mercado consumidor

O declínio nas compras e as lojas desertas decorrem dessa violenta redução no mercado consumidor. E essa retração é mais intensa em função da crise prolongada demais, até mesmo para os padrões brasileiros. Em muitas situações, quem tinha alguma poupança dispersou-a e já não dispõe de reservas; e outros seguram suas reservas, receosos de que a recessão se arraste ainda por muito tempo.

Aparentemente, os negócios devem se aquecer nessa reta final, a partir do pagamento do décimo-terceiro salário. Mas não o suficiente para compensar as perdas significativas desse 2016 de intensas crises econômica e política. Há, também, a influência de um fator cultural: habitualmente, o brasileiro deixa tudo para a última hora, incluindo aí as compras natalinas. Assim, aproximando-se o Natal, as vendas devem ganhar algum fôlego.

Mas o fato é que, a exemplo do ano passado, 2016 foi um ano de intensas dificuldades econômicas. E, até aqui, 2017 desenha-se como menos promissor que já foi no passado: as expectativas indicam que a recuperação da economia deve ser lenta e que o mercado de trabalho só deve começar a reagir lá pelo segundo semestre. O PIB – Produto Interno Bruto não deve alcançar, sequer, ínfimo 1% de expansão.

Notícia boa só o expressivo recuo da inflação. Mas isso se deve, em grande medida, às estratosféricas taxas de juros e à própria recessão que desencoraja o consumo e, por consequência, segura a elevação dos preços. O cenário permanece nebuloso e, por enquanto, o País segue ansioso aguardando boas notícias. Sabe Deus quando é que elas virão...



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