As vendas natalinas na Feira de Santana não devem ser das mais favoráveis nesse 2016 que finda nos próximos dias. Simples observações pelas ruas da cidade indicam que o consumidor feirense está reticente, circulando muito pelas vias comerciais, mas aventurando-se pouco lojas adentro. Ressalte-se que a tendência não se verifica apenas aqui na cidade, mas em todo o País. Mais um desdobramento da terrível recessão que se arrasta há dois anos e que, por enquanto, não dá sinais de que vá arrefecer.
Todos os anos o comércio funciona em horário especial em dezembro, em função dos festejos de final de ano. É quando cresce o volume de consumidores e muita gente dispõe do décimo-terceiro salário como recurso extra. Daí o horário de funcionamento expandido, o que inclui jornadas especiais aos domingos. Em função do maior conforto, muitos preferiam comprar nessas datas.
Nos dois últimos domingos o comércio feirense funcionou. O fluxo de consumidores, comparado ao de anos anteriores, foi decepcionante. Tanto que muitas lojas sequer abriram: provavelmente, os empresários constataram que não está valendo apostar em clientes incertos, temerosos de assumir novas dívidas. Nas lojas que abriram, muitos comerciários passaram parte do dia ociosos, à espera de eventuais compradores.
Em três anos – a partir de 2014 – o mercado de trabalho feirense experimentou uma retração inédita: cerca de 10% daqueles que possuíam empregos formais perderam seus postos de trabalho. Isso para não mencionar as perdas, dificilmente estimáveis, ocorridas no mercado informal; nem a robusta compressão nos lucros de micro e pequenos empresários que ajudam a dinamizar a economia feirense.
Mercado consumidor
O declínio nas compras e as lojas desertas decorrem dessa violenta redução no mercado consumidor. E essa retração é mais intensa em função da crise prolongada demais, até mesmo para os padrões brasileiros. Em muitas situações, quem tinha alguma poupança dispersou-a e já não dispõe de reservas; e outros seguram suas reservas, receosos de que a recessão se arraste ainda por muito tempo.
Aparentemente, os negócios devem se aquecer nessa reta final, a partir do pagamento do décimo-terceiro salário. Mas não o suficiente para compensar as perdas significativas desse 2016 de intensas crises econômica e política. Há, também, a influência de um fator cultural: habitualmente, o brasileiro deixa tudo para a última hora, incluindo aí as compras natalinas. Assim, aproximando-se o Natal, as vendas devem ganhar algum fôlego.
Mas o fato é que, a exemplo do ano passado, 2016 foi um ano de intensas dificuldades econômicas. E, até aqui, 2017 desenha-se como menos promissor que já foi no passado: as expectativas indicam que a recuperação da economia deve ser lenta e que o mercado de trabalho só deve começar a reagir lá pelo segundo semestre. O PIB – Produto Interno Bruto não deve alcançar, sequer, ínfimo 1% de expansão.
Notícia boa só o expressivo recuo da inflação. Mas isso se deve, em grande medida, às estratosféricas taxas de juros e à própria recessão que desencoraja o consumo e, por consequência, segura a elevação dos preços. O cenário permanece nebuloso e, por enquanto, o País segue ansioso aguardando boas notícias. Sabe Deus quando é que elas virão...