O secretário da Segurança Pública, Mauricio Barbosa, nem esperou o repórter concluir a pergunta. Sem se esquivar da indagação sobre a denúncia de que Geovane Mascarenhas de Santana havia sido morto dentro do quartel da Rondesp, no Lobato, admitiu a necessidade de mudanças na forma de atuação da companhia especializada.
“A nossa ideia é usar este caso Geovane para que sejam feitos aperfeiçoamentos para que a Rondesp continue existindo, sem que casos como esse continuem a existir”, afirmou Barbosa, ao lado do governador, Rui Costa, e do comandante-geral da Polícia Militar, Anselmo Brandão, durante as comemorações ao aniversário de 190 anos da Polícia Militar, na quarta-feira.
Geovane foi morto no dia 2 de agosto do ano passado, depois de desaparecer durante uma abordagem de policiais da Rondesp na Calçada. O caso só foi investigado após o CORREIO denunciar, com exclusividade, seu desaparecimento.
Na semana passada, o Ministério Público denunciou 11 PMs da Rondesp pelo assassinato do jovem, bem como por sequestro e roubo. Seis deles ainda foram denunciados também por ocultação de cadáver.
O inquérito policial apontou também tortura e formação de quadrilha — mas estes dois crimes não foram incluídos na ação apresentada pela promotora Isabel Adelaide. A ação aponta a sede da Rondesp, no Lobato, como local do crime.
Maurício Barbosa reconheceu que a companhia precisa ser repensada. “É claro que temos que repensar a Rondesp. O procedimento policial como um todo ele tem que, de tempos em tempos, ser repensado”, afirmou Barbosa.
“O caso Geovane é uma situação extremamente relevante do ponto de vista correcional e criminal. Ele acentua a necessidade de que a tropa, que é submetida a uma situação de estresse todos os dias, tenha condições de se capacitar e tenha outras matérias incluídas nessa capacitação para que ela seja uma tropa que erre menos”, disse Barbosa, sugerindo uma maior utilização de armas não letais pela especializada.
Segundo o secretário, as ações da Rondesp, incluindo os fatos negativos, aparecem mais do que em outros grupos porque “a Rondesp está na linha de frente”.