Tribuna Feirense

  • Facebook
  • Twiiter
  • 55 75 99801 5659
  • Feira de Santana, quarta, 17 de abril de 2024

César Oliveira

Não dê de ombros: flores não cedem

César Oliveira - 17 de Agosto de 2017 | 18h 24
Não dê de ombros: flores não cedem
Não sei muito como mudar este país, totalmente dominado, legislado, regulado, por criminosos, ou exploradores, das mais diversas estirpes, mas se tem algo que tem de ser abolido de nosso comportamento é o "dar de ombros". Todas as vezes que lemos algo estarrecedor- o perdão a Joesley, da Friboi, os cavaleiros do apocalipse que governam com Temer, a devassidão de Cabral, no Rio, o assassinato de 100 policiais, o apoio a ditadores, o juiz que recebeu meio milhão de salário, diz que ainda faltam R$750 mil e que vai postar no Face, pois, não está nem aí- o que fazemos é... "dar de ombros".
 
Fazemos algum escárnio sobre o fato, como se fosse castigo bastante, e, automaticamente, ligamos o sistema de anulação da indignação e aceitação dos fatos, como se assim fosse e assim tivesse de ser. Entre amigos, exalamos nossa tristeza, ar cabisbaixo, certa vergonha de não morar no país dos outros, e algum desalento por saber que a vida está passando e não provaremos das delícias de um estado decente e seguro. Não só isso, como continuaremos a repetir nossos erros, a fazer escolhas por um mínimo favor, reverenciar os detentores do poder e perpetuá-los com um dar de ombros, de quem marcha sem um destino para chamar de seu, pois, é mais fácil seguir que lutar, como quem acha que é inevitável o que a história já provou que não é.
 
Às vezes - não fosse tão breve o meu tempo, tão destrutivo o final- eu desejo uma revolução, ou a degeneração total do poder que nos levasse a uma "Venezuelização" plena, porque implicaria em reação obrigatória e alguma mudança no modus operandi do que nos governam e da compreensão de que somos donos deste latifúndio em que somos permanentemente saqueados.
 
Sei, no entanto, que o preço seria caro demais, com perdas irreparáveis, dores pessoais injustificáveis, e torço, então, que a solução venha pelo caminho mais longo, ainda que desgastante.
 
Resistamos e tenhamos consciência que a resistência começa em pequenos gestos, no cotidiano, quando não fazemos relativismos oportunistas, ou adequamos a ética às circunstâncias ou interesses pessoais. Faça este esforço todo dia e teremos uma chance. E, lembre-se, nada que os políticos nos dão é favor.
 
Não dê de ombros. Não ceda. Como diz o poeta Roberval Pereyr: uma flor não é simples: é uma flor. E não cede.


César Oliveira LEIA TAMBÉM

Charge da Semana

Charge do Borega

As mais lidas hoje