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André Pomponet

Certezas e incertezas da eleição na Bahia

André Pomponet - 13 de Março de 2018 | 17h 24
Certezas e incertezas da eleição na Bahia

Ao contrário das eleições presidenciais – mergulhadas num mar de incertezas e de candidaturas que, lá na frente, provavelmente não se confirmarão – o pleito estadual, que indicará o novo governador da Bahia, parece crivado de verdades insofismáveis. Pelo menos é o se percebe conversando com gente que circula pelos bastidores da política, simpatizantes das potenciais pré-candidaturas ou a gente simples nas ruas, que se mantêm atenta ao noticiário político.

Entre essas verdades está a de que o governador Rui Costa (PT) é amplamente favorito à reeleição. Há quem, sequer, pestaneje diante dessa certeza. A propalada aprovação da população, o amplo leque de alianças que dá sustentação ao governo e a capilaridade dos movimentos sociais que apoiam a candidatura petista referendam essas certezas. Isso apesar do cenário nacional bastante nebuloso.

As incertezas que ainda pesam sobre a oposição potencializam esse otimismo. O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), ainda não confirmou a disposição de entrar na disputa. A expectativa é que o faça até a sexta-feira (16), conforme noticia a imprensa. Caso não se arrisque, deixando a prefeitura da capital na metade do segundo mandato, crescerão as apostas numa vitória fácil do petismo.

A explicação é simples: no momento, a oposição não conta com nomes com densidade eleitoral para vencer o petismo, à exceção de ACM Neto. Há, claro, lideranças regionais que agregam, que carreiam votos em suas regiões. Mas nenhuma delas, hoje, possui musculatura em nível estadual para o embate, conforme se percebe.

Escolha?

Há quem aponte que ACM Neto ainda é jovem, toca um mandato bem avaliado em Salvador e pode, tranquilamente, adiar sua pretensão de se tornar governador da Bahia. Isso é válido sob uma perspectiva estritamente individual: as questões políticas envolvem cenários muito mais complexos. Aparentemente, abdicar de uma candidatura agora pode render dissabores maiores no futuro, mesmo se expondo ao risco de uma derrota em outubro.

As razões são visíveis. Caso permaneça na prefeitura e indique um candidato pouco robusto, ACM Neto pode conceder ao PT uma vitória consagradora, como foi a sua própria, inclusive, em 2016, para a prefeitura; isso vai animar petistas e aliados a partir com tudo em 2020, para, finalmente, conquistar Salvador e encurtar seus horizontes para 2022.

Sua candidatura também é fundamental para carrear votos para uma chapa presidencial de centro-direita em outubro; caso não o faça, a oposição pode obter uma vitória esmagadora na Bahia – como vem ocorrendo nas últimas eleições presidenciais – pavimentando uma vantagem imprescindível para a candidatura de centro-esquerda no plano nacional.

Hesitação

Seria surpreendente, portanto, que o prefeito de Salvador abdicasse da candidatura. A própria aparente hesitação, inclusive, parece jogo de cena para se cacifar, firmar-se com maior solidez junto aos aliados. A própria ascensão à presidência do Democratas parece movimento de quem pretende alçar voos mais altos, assim como suas frequentes articulações em Brasília.

O cenário momentâneo é, sem dúvida, francamente favorável a Rui Costa. Mas os rearranjos políticos, as incertezas que rondam as decisões da Justiça, o revés enfrentado por Lula, o conturbado ambiente no Planalto Central, tudo isso tem potencial para interferir na aparentemente tranquila eleição baiana. Mesmo porque, até as eleições, faltam muitos meses.

Espera-se que, superada a etapa das discussões sobre nomes, prevaleça o debate sobre os destinos da Bahia. Afinal, a economia baiana emerge da crise num ritmo mais lento que o do País e a exclusão social tende a se aprofundar, até como consequência da terrível crise econômica. E enfrentar isso exige mais que discurso e propaganda.



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