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André Pomponet

Patriotadas são as únicas medidas para a Educação

André Pomponet - 26 de Fevereiro de 2019 | 18h 56
Patriotadas são as únicas medidas para a Educação

Seria melhor dedicar esse espaço para explorar o cotidiano feirense. O calor insano dos últimos dias, por exemplo, é um tema interessante. Afinal, estamos às portas de março e as manhãs e tardes seguem abrasadoras, escaldantes. Às vezes, é comum a sensação de se estar mergulhado numa gigantesca fornalha. Como é que os feirenses lidam com as altas temperaturas? Que estratégias são utilizadas para se expor o mínimo ao sol no dia a dia? Eis duas indagações que merecem alguma atenção.

Só que as bizarras novidades do Planalto Central brotam nas telas dos aparelhos eletrônicos com frequência absurda nos dias atuais. Apesar da intenção de se abordar a rotina da cidade, as vexatórias medidas do novo regime impõem-se no debate. Não há como contorná-las.

Uma das últimas – outras barbaridades já vieram na esteira na sequência – foi a cobrança de que professores, estudantes e funcionários cantassem o Hino Nacional nas escolas, no primeiro dia de aula. Mais: que fosse filmada a cena e encaminhada para o Ministério da Educação. Mais ainda: que fosse lida uma mensagem arrematada pelo slogan da campanha do polêmico presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ).

As reações foram imediatas. E a burocracia do Ministério da Educação teve que recuar: alegou que se tratava apenas de uma “recomendação”. O próprio colombiano titular da pasta – Ricardo Rodriguez, um que fala com sotaque – fez uma mea culpa e disse que “errou” ao recorrer ao slogan da campanha do chefe.

Fico imaginando o potencial uso posterior dessas imagens: emocionantes campanhas publicitárias exaltando o resgate do patriotismo como um grande feito na educação. Qualquer semelhança com a Coreia do Norte não seria mera coincidência. Afinal, os extremos ideológicos sempre têm um desconcertante ponto de contato.

Muito conservador bate no peito defendendo o tal projeto “Escola sem Partido”. Curiosamente, nesse episódio, esses heroicos combatentes permaneceram calados. É que, no fundo, deseja-se que nas escolas prevaleça, exclusivamente, a ideologia dos novos donos do poder. Só os ingênuos e os desinformados poderiam imaginar que não seria assim.

Está se tornando cansativo, mas temos que repetir que o País segue à espera do anúncio de medidas concretas para melhorar a educação. Não apenas a educação, mas também os demais serviços públicos. Até aqui, isso não veio à tona. E já não é precipitado se supor que não virá.



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