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André Pomponet

"Mito" anseia passar de algoz a vítima

André Pomponet - 31 de Julho de 2019 | 20h 43

Alguns precipitados começam a pregar o impeachment de Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o “mito”.  Discordo: é bom que o “mito” siga alimentando essa ruína, ao longo do mandato para o qual foi eleito. Isso, claro, se não vier aí pela frente algo muito mais grave, o que não pode ser descartado. Sobretudo porque, nos últimos dias, o destempero verbal do nosso heroi transitou da grosseria habitual para absurdos maiores, como insinuar que sabe o destino de um desaparecido político.

Todos percebem que o “mito” opera num cenário dicotômico, de bem e de mal, de vítima ou de algoz. Despejando absurdos todos os dias – nem vale a pena recapitular o que já foi regurgitado – ele vem cumprindo o papel de algoz. Tentar apeá-lo do poder agora vai fazê-lo se travestir de “vítima”, o que parece ser o seu anseio.

Levou tempo, mas muita gente está percebendo que o governo não vai além do que está aí na prateleira: grosserias, agressões, clichês, demagogia e populismo rasteiro de extrema-direita. Além, claro, do vexatório puxa-saquismo em relação aos norte-americanos. É uma bela cortina de fumaça para a despudorada alienação do patrimônio público seguir adiante, conforme se percebe.

Exatamente por isso o “mito” fustiga para ser refutado e, assim, açular suas matilhas digitais que vão, raivosas, defendê-lo. Caso a estratégia fracasse, restará ao “mito” alegar que foi perseguido, combatido, tolhido pelos “marxistas culturais” ou outra bobagem qualquer. Deve até manter sua aura de “mito” junto aos acólitos. Pior seria seguir adiante e assumir a responsabilidade pelo desastre inevitável.

Cautelosos, aliados potenciais – parte das turmas das bancadas da bala, do boi e do dízimo – mantém distância prudente das atrocidades verbais. Avançar referendando o discurso tóxico pode ser nocivo lá adiante. Principalmente porque já se aprendeu que a extrema-direita não tem apreço por quem não aceita seu credo integralmente.

O jogo é complexo porque, anteriormente, o Brasil não viveu nenhum descalabro do gênero: as referências do passado, portanto, são inválidas para sinalizar rumo nos tempos atuais. É necessário ir intuindo o caminho e escolher a trilha menos nociva no cardápio de desastres que está posto aí.

Defender o impeachment é adotar o jogo do inimigo. Mas isso não impede o contraponto às pautas retrógradas que estão anunciadas, mobilizando a população. É o caso das manifestações contra o descalabro na educação que estão sendo convocadas pelos estudantes para o dia 13 de agosto...



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