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César Oliveira

Pandemia:pilotando o Titanic sem radar

César Oliveira - 15 de Abril de 2020 | 19h 44
Pandemia:pilotando o Titanic sem radar

Em guerra com um inimigo conhecido informação é imortante; com um desconhecido, é essencial. No caso da Covid-19, informação, é teste. Entre os 15 países com mais casos o Brasil é o que menos fez testes, portanto, temos uma administração da pandemia baseada em intuições e não em dados.

Mais uma vez, estamos reinventando a roda e contrários ao mundo. Sem os testes não podemos otimizar os recursos humanos dos profissionais de saúde( são de alto risco, recebem carga maior de vírus, são grandes transmissores) e esse é um mínimo de segurança e respeito que os governos deveriam oferecer a quem está heroicamente na linha de frente. Além disso, são mão de obra escassa e que não pode ser desperdiçada.

Um estudo publicado hoje na Nature Medicine sugere que até 44% das contaminações acontecem na fase assintomática, portanto, os testes permitiriam identificar os blocos  de transmissão, vigiar grupos de risco, determinar nossa taxa de imunidade atual e afrouxar ou intensificar isolamentos.

Outro dado a ser considerado é a transparência com a população. É doloroso uma família não saber o diagnóstico de uma familiar que morreu. É do humano. E é injusto pedir aos brasileiros tamanho sacrifício se não conhecemos os dados reais. O jornal Nacional de ontem  mostrou casos em que familiares foram enterrados com toda proteção , mas sem diagnóstico final. 

O Adolfo Lutz, em SP, tem 30 mil testes sem laudo, portanto, gente que não foi tratado adequadamente, que se isolou sem necessidade, ou que curou e está imune, sem sabermos. Vamos imaginar que tenhamos mais 30 mil no resto do país, e que 10%, 15%, das amostras sejam positivas,a depender do Estado. Isso é importante para o planejamento e para estimarmos o número de casos reais. Os 25.000 mil casos que temos são os sintomáticos que foram confirmados e não os 86 :1 ( oitenta e seis para um) que existem, como sugere o MS,

Por derradeiro, os governos correram a exibir seus leitos de UTI, hospitais de campanha, respiradores - todos vitais-, e esqueceram de exibir sua capacidade de fazer exame. Um nó crucial! O Brasil teve 60 dias antes da crise e o primeiro caso em 26/02. Há, apenas, 15 dias o Ministro da Saúde anunciou que estava comprando testes ( doados pela Vale) e ontem disse que VAI montar uma Central de Testes que amplie nossa capacidade de exame. VAI montar? Para que pandemia ? A Covid 20?

Exigir do Brasil o sacrifício do confinamento sem dados completos , transparência, sem análise reais que permita administrar a pandemia, e baseando-se apenas no fictício número de casos diários é confiar que não tem iceberg nenhum nesse mar de imprecisão.

Precisamos estar à frente da pandemia e não ao seu reboque!



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