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César Oliveira

Uma dúzia de coisas sobre Bolsonaro e Moro

César Oliveira - 28 de Abril de 2020 | 18h 07
Uma dúzia de coisas sobre Bolsonaro e Moro

1-A parceria Bolsonaro-Moro falhou e deixou orfã a esperança do brasileiro de combate a corrupção, enfrentamento ao crime, e criminalidade violenta. Ambos se tornaram devedores à Sociedade.

2- Moro foi o brasileiro que mudou o paradigma de combate a corrupção, prendendo políticos e empresários saqueadores, verdadeiros predadores do futuro e dos recursos públicos. Esse mérito não pode ser reduzido, nem apagado.

3- Bolsonaro prometeu carta branca ao Ministro. Esse é um erro que nenhum administrador experiente comete. Ao fazer isso, tirando o juiz de sua carreira, tinha de honrar o prometido.

4- Bolsonaro frequentemente, deixou de apoiar o ex-Ministro, em suas iniciativas; em compensação, o ex-Ministro nunca defendeu de forma inteira as posições do governo.

5- Bolsonaro tem o direito legal de nomear o diretor- geral, da PF, fato indiscutível; mas querer nomear como interferência política, ou para ter acesso a informes da PF, como ele mesmo diz, é inaceitável, porque a PF não é uma Polícia pessoal. Bolsonaro, como em outras ocasiões, não consegue separar o Estado dele mesmo. Não foi a toa que disse que ele “era a Constituição”

6- Ameaçado pelo processo ilegal  das fake-news, no STF,  com deputados da base investigados pela PF por alimentar protestos contra o STF, e  investigações sobre seu filho, levaram Bolsonaro a colocar uma urgência de mudança em um momento profundamente inadequado e por objetivo nada republicano.

7- Bolsonaro tem todo direito de não gostar da performance de um Ministro e o demitir. É um direito presidencial. O status de Moro, de excessiva independência, com agenda própria, desgostava Bolsonaro. O problema, nesse caso, é o motivo pelo qual não gostou. A sua boa frase “o senhor tem uma biografia a zelar, eu tenho um país a zelar”, se perde na motivação da troca.

8- Pelos fatos publicados, até agora, Moro, tentou negociar a  troca de Valeixo por outro delegado independente, mas Bolsonaro queria uma indicação dele. Moro se tornaria um fantoche, além daquilo a que Bolsonaro já o havia reduzido. Desse modo, Moro fez certo e teve grandeza ao pedir para sair. Cresceu.

9- Bolsonaro errou ao publicar a exoneração de Valeixo com assinatura de Moro, o que não existiu e foi retificado em outra edição do Diário Oficial.  Moro errou ao dizer que Lula e Dilma não interferiam na PF. Basta consultar os jornais para ver que é mentira ( FSP 9 e 11/9/2007 )

10- Moro acertou na saída, mas falhou na forma. Primeiro erro: demitir-se na coletiva, antes de entregar a carta ao Presidente, usando a estrutura do Estado e vazando sua retirada para a imprensa. 

11- Seguno erro: vazamento de mensagens da deputada Zambeli, de quem foi padrinho de casamento. A deputada, pelo que lemos, em nenhum momento tentou barganhar com Moro, ao contrário, estava fazendo um esforço de mediação, demonstrado a importância dele ficar, dizendo que o ajudaria a chegar ao STF. Não fez absolutamente nada, nada, de ilegal. A frase do Ministro “não estou a venda, prezada”, soa agressiva, talvez, planejada, porque a deputada em nenhum momento deu esse tom. Foi desnecessário. O juiz, foi desleal ao sequer falar com a deputada que precisaria usar a mensagem,e publicar uma conversa pessoal. Não precisava, pois, o Brasil sabe que é um xiita da honestidade. Deixou o ego vencer e reduziu o tamanho que tinha crescido. Caso tenha um mínimo de juízo deveria pedir desculpas a deputada.

12- Foi um episódio ruim para ambos, ruim para o Brasil, ruim para o momento. E suas conseqüências, impeachment - que não creio, pois, Bolsonaro já acenou ao pior da política, contou com silêncio de Maia que adora um presidente fraco, foi arduamente defendido por Roberto Jefferson, e Lula já disse que é preciso cautela com essa ideia-, piora da economia, ou ascensão de volta ao poder do que gostaríamos de afastar, será um preço caro por essa cisão. E será um legado de ambos.



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