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Pais do jovem João Pedro, morto por policais no Rio, dão depoimento emocionante

20 de Maio de 2020 | 11h 40
Pais do jovem João Pedro, morto por policais no Rio, dão depoimento emocionante
Foto: Reprodução
Os pais do menino João Pedro Mattos Pinto, morto durante uma operação das polícias Federal e Civil no Complexo do Salgueiro, Rio de Janeiro, estiveram no Encontro com Fátima Bernardes. Rafaela e Neilton falaram sobre a perda do filho, que tinha 14 anos e estava na casa dos primos, e deram um depoimento emocionante. Veja o relato!
 
"Estamos péssimos. É um sentimento que não desejo para o meu pior inimigo. Perder um filho é como arrancar algo de dentro. Não tem explicação você perder uma criança que você amou, cuidou, fez planos para o futuro (...) De uma coisa de minutos, de horas, esse sonho foi por água abaixo. Tiraram o meu sonho, o sonho do meu filho, da minha família. Acabaram com a minha família, destruíram a minha família cruelmente. Meu estava numa casa junto com seu primo, com outros amigos, jogando no celular", lamentou o pai do menino.
 
"(..) Chegamos lá e encontramos os adolescentes fora da casa, no chão, como bandidos, como porcos, como lixo. Coisa que eles não são. Cinco adolescentes, mas o total era seis. Faltava um e esse um era o meu filho, que já estava baleado. Botaram ele num blindado e levaram para socorrer. E eu perguntando: 'o que aconteceu?' (...) Fomos encontrar o meu filho depois de 17 horas no IML (Instituto Médico Legal) com um tiro de fuzil, morto", continuou ele.
 
"A minha esperança era encontrar ele com vida. Se eles realmente socorreram, por que não entraram em contato? Por que não levaram para um hospital perto? (...) Fomos encontrar somente no dia seguinte já no IML", disse a mãe de João Pedro.
 
"Temos preocupação. Sabemos que morar em comunidade não é fácil. (...) Meu filho não estava na rua, numa troca de tiro. Meu filho estava em casa de família. Acho que ninguém tem esse direito de invadir a sua casa e tirar a vida de um jovem de 14 anos, que tinha sonhos, projetos. Ninguém tinha, ninguém esse direito" , acrescentou Neilton.
 
"Fica um sentimento de impunidade. Ele pedia para a rua e eu ficava com medo de ter operação. Ele dizia: 'mãe, você me prende muito'. Nesse dia que ele foi para casa do primo, eu deixei ele ir. Fica um sentimento de muita tristeza. Eu não vi o meu filho, não pude dar um abraço nele. Tinha tanta esperança de encontrar ele com vida", declarou a mãe.
 
Rafaela afirmou que os familiares que presenciaram todo o ocorrido estão traumatizados com a morte de João Pedro:
 
"Eles estão bem traumatizados. Eles nem querem falar no assunto. Inclusive, o primo do meu filho fica sem reação, não chora. Ele se sente culpado. Acha que teve culpa de não poder socorrer."
 
"Queria que o Estado nos procurasse. Estamos abandonados. Mas eu creio na justiça e ela vai ser feita. Creio na justiça aqui da Terra e da divina. Se a daqui da Terra não for [feita], a de Deus vai. Essa é minha esperança", encerrou Neilton.


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