Chegamos aos 75 mil mortos e marchamos para os 100.000, com a interiorização da pandemia e muitas cidades a serem percorridas. Grande parcela das mortes são uma fatalidade biológica inevitável, mas a explosão dos números, aqui e no mundo, refletem muito as ações de enfrentamento, suas falhas, que criam um consórcio de culpados.
No Brasil, temos uma infinitude de governadores e prefeitos ladrões que ao invés de prepararem o sistema de saúde se escoraram apenas no lockdown, enquanto seus agentes desviavam os recursos em compras fraudulentas, como tem sido demonstrado pela PF; o presidente Bolsonaro, por todas as mensagens de desprezo às vítimas, às medidas de proteção, e por manter acéfalo e militarizado o Ministério da Saúde, seu imperdoável erro; os irresponsáveis, que sem a menor empatia pelo outro agem como se nada houvesse, fazem festas, se recusam a usar máscaras, e empanturram o sistema de saúde de vítimas; a OMS, por retardar o reconhecimento da pandemia e emitir declarações confusas e contraditórias; a China, por esconder o surto, destruir as amostras iniciais do vírus e calar, à força, cientistas e jornalistas que tentaram a divulgação.
É um latifúndio de vítimas e um consórcio de múltiplas culpas