Projeto-piloto mostrou que a economia na conta de luz pode chegar a 60% com painéis fotovoltaicos nos telhados
O governo da Paraíba quer que todos os residenciais da faixa 2 do Minha Casa Minha Vida, destinados à famílias com renda mensal entre R$ 1.600 e R$ 3.275, incluam em seus projetos a microgeração de energia solar fotovoltaica para reduzir a conta de luz dos moradores.
"Essa regra já vem descrita no edital de contratação", diz Emília Lima, presidente da Companhia de Habitação Popular da Paraíba (Cehap). "Vamos entregar, por exemplo, 140 casas no município de Sousa [a 438 quilômetros da capital] com essa tecnologia para servidores da segurança pública".
Emília foi coordenadora do projeto-piloto Energia Fotovoltaica, que recebeu, nesta quinta-feira (2), o Prêmio Selo de Mérito no Fórum de Habitação Social, em Campinas (SP). A iniciativa no estado que concentra o maior nível de radiação solar média anual no país, segundo o Atlas Solarimétrico do Brasil, nasceu do seguinte dilema: uma parcela das moradias do Minha Casa Minha Vida já conta com aquecedores solares de água. A solução funciona bem em lugares frios, mas não é tão efetiva no Nordeste, onde as temperaturas podem chegar facilmente aos 40°C.
A instalação de painéis fotovoltaicos se propõe a agradar gregos e troianos por gerar energia solar suficiente não apenas para aquecer a água do chuveiro, mas para reduzir consideravelmente a conta de luz no fim do mês. A Cehap testou a tecnologia de microgeração com oito famílias de João Pessoa que trocaram o aluguel social por imóveis do Minha Casa Minha Vida no Bairro de Mangabeira. Os painéis solares instalados nos telhados geraram 70 quilowatt-hora (kWh) por mês. "Isso significa que as famílias produziram energia suficiente para reduzir em 60% a conta de energia elétrica", explica Emília.
Investimento baixo
O projeto-piloto contou com a parceria das universidades federais de Campina Grande e da Paraíba, da concessionária Energisa e do Senai. O sistema de microgeração exige a instalação de inversores, que transformam a corrente contínua em alternada, utilizada nas casas em geral, e injetam a energia na rede da concessionária. O investimento total nestes equipamentos foi de R$ 48 mil, ou R$ 6 mil por família, mas o custo do equipamento já caiu para R$ 4,2 mil, segundo a coordenadora.
Os painéis fotovoltaicos geram a energia durante o dia e o que não é consumido vai para a rede de energia elétrica. Ao final do mês, o morador recebe um relatório mensal da concessionária, semelhante à conta de luz, pelo qual é informado sobre o balanço do mês. "O que significa uma conta de luz para uma família que ganha pouco? Muita coisa. Além de fazer a casa, nós queremos que essas pessoas paguem suas contas", conclui Emilia.