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Aos 60 anos, homem é a primeira pessoa sem doença terminal a morrer por eutanásia na Colômbia

08 de Janeiro de 2022 | 12h 44
Aos 60 anos, homem é a primeira pessoa sem doença terminal a morrer por eutanásia na Colômbia
Foto: Reprodução/Twitter/VictorEscobarYDiana

Aos 60 anos, Victor Escobar Prado teve, finalmente, seu desejo atendido pela Justiça colombiana. Ele morreu por eutanásia, nesta sexta-feira (7), tornando-se a primeira pessoa não acometida por doença terminal autorizada a passar por esse procedimento na Colômbia.

Segundo o G1, a morte assistida foi realizada em uma clínica localizada na cidade de Cali, após dois anos de batalha judicial para que o pedido fosse aprovado. Luis Giraldo Montenegro, advogado de Victor, confirmou a realização do procedimento, por meio de uma publicação no Twitter. “Victor Escobar pediu para doar seus órgãos. Ele morreu às 21h20 de sexta-feira, 7 de janeiro de 2022, como era seu desejo. Victor conseguiu. Ele descansou da dor”, escreveu o jurista.

Pouco antes, o motorista colombiano divulgou um vídeo, agradecendo a todos que se solidarizaram com a sua situação. “Obrigado a todos os colombianos que, de uma forma ou de outra, nos deram apoio, essa confiança para continuar com nossa luta. Bênçãos e abraços a todos. E eu não digo adeus, mas até logo. A vida não se compra. Aos poucos, vai chegando a vez de cada um de nós. Pouco a pouco, nos encontraremos onde Deus nos colocou. Abraços e bênçãos a todos. (...) Eu os estimo e amo de toda a minha alma”, despediu-se.

Victor Escobar passou os últimos momentos de sua vida ao lado da mulher, Diana, e de seus quatro filhos. Também desfrutou da companhia de seu advogado, com quem compartilhou o último almoço.

Em seguida, diz o G1, ele se reuniu com jornalistas, em sua residência, para se despedir, publicamente, daqueles que acompanharam sua luta jurídica pelo direito à eutanásia. Atendendo a um pedido seu, a imprensa não compareceu à clínica para acompanhar o procedimento, aguardando o comunicado do falecimento transmitido por Giraldo Montenegro.

OUTRA TENTATIVA – De acordo com a publicação, antes de Victor Escobar, Martha Líria Sepúlveda, de 51 anos, que também não tinha doença terminal, tentou passar pelo procedimento. No entanto, sua eutanásia, programada para o ano passado, foi suspensa horas antes de ser realizada.

Martha Sepúlveda sofre de uma doença degenerativa e irreversível, conhecida como Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). A mulher relatou sentir muitas dores. Também afirmou ter perdido o movimento das pernas, o que, segundo ela, limitou, sobremaneira, a sua vida cotidiana. Mesmo assim, teve seu pedido negado.

Sofrimento e dor – Victor Escobar, por sua vez, tinha uma série de problemas de saúde, acumulados após sofrer dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), em 2007 e 2008. O colombiano, conforme o G1, também havia sido submetido a quatro cirurgias na coluna, em consequência de um grave acidente automobilístico, sofrido há 36 anos.

Além das dificuldades de mobilidade, provocadas pela paralisação do lado esquerdo de seu corpo, ele sofria de fibrose pulmonar, doença crônica que “engrossa” o tecido que envolve os alvéolos dos pulmões, comprometendo a passagem de oxigênio para a corrente sanguínea e provocando crises de falta de ar. Também tinha diabetes e hipertensão, sofreu uma trombose e apresentava problemas cardíacos, com um dos lados do coração maior que o outro.

À imprensa, Victor Escobar disse que, nos últimos quatro anos, seus dias foram de “sofrimento e dor”. Relatou, ainda, que expelia sangue dos pulmões e que perdeu o controle sobre a eliminação de fezes e urina, além da memória. Conforme o G1, após o acidente, ele precisou reaprender a reconhecer os membros de sua família e até mesmo ações básicas, como comer, falar e ler. Há dois anos, sua esposa passou a relatar as dificuldades do marido e sua luta pelo direito à eutanásia em um perfil no Twitter.

Direito ampliado – A eutanásia é legalizada na Colômbia desde 1997. O país foi o primeiro na América do Sul a autorizar o procedimento. Todavia, a prática era válida somente em casos terminais, como forma de abreviar o sofrimento dos pacientes, caso decidissem por isso.

De acordo com o G1, no dia 27 de junho de 2021, Victor Escobar teve o direito negado, porque a junta médica de sua Entidade Promotora de Saúde (EPS) determinou que ele não se encontrava em fase terminal. A situação mudou um mês depois, após o Tribunal Constitucional do país ampliar o direito fundamental de morrer com dignidade aos doentes que sofrem intensamente com lesões corporais ou doenças graves e incuráveis.

O jornal colombiano El Tiempo reportou que ele e seu advogado voltaram a solicitar o procedimento em setembro, mas que a médica de um centro especializado disse não saber como proceder naquele caso. Ele entrou com um novo pedido em outubro, mas outra clínica de Cali recusou-se a realizar o procedimento, por ele “não ser um paciente degenerativo”. Victor Escobar não desistiu e fez mais uma apelação judicial, desta vez ao Tribunal Superior de Cali.

A situação foi finalmente resolvida após o advogado do colombiano e uma comissão científica da EPS Coomeva concordarem que a eutanásia aconteceria no dia 7 de janeiro de 2022, às 19 horas, conforme a vontade do paciente.



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