A Defesa Civil e a Polícia Civil de Minas Gerais anunciaram,
neste domingo (9), que as buscas no Lago de Furnas, na cidade de Capitólio
(MG), onde um fragmento de rocha se desprendeu do paredão do cânion e desabou
sobre quatro embarcações, no último sábado (8), continuarão, nos próximos dias.
Os órgãos informaram que a decisão foi tomada porque, embora todos os dez
mortos tenham sido resgatados, alguns tiveram somente pedaços dos corpos localizados.
De acordo com a Agência Brasil, a polícia também aguarda eventuais
comunicações de novos desaparecimentos. Isto por considerar a possibilidade de haver
turistas sozinhos no local do acidente. “Pode ser que uma pessoa ou um casal
estivesse caminhando e tenha caído uma pedra. Até o momento, nenhum dos órgãos
recebeu informação de outros desaparecidos. Nós estamos iniciando e não temos
pressa de terminar os trabalhos”, disse o delegado Marcos Pimenta, titular da
Polícia Civil mineira.
O reconhecimento de parte das vítimas foi realizado por meio
das impressões digitais, com a ajuda de papiloscopistas enviados pela
Superintendência da Polícia Federal de Belo Horizonte. Pelo menos um corpo foi
identificado, segundo o delegado, com base em reconhecimento precário de
parentes. Nesse caso, ainda será realizada comparação com material genético. As
consequências do impacto da rocha estão dificultando o trabalho.
QUEM SÃO AS VÍTIMAS – Até o momento, oito das dez vítimas
do desabamento já foram identificadas. Elas estavam na mesma lancha, denominada
“Jesus”. Segundo o G1, o delegado Marcos Pimenta informou que todas estavam
hospedadas em um rancho, situado em São José da Barra (MG), e eram familiares e
amigos uns dos outros. O dono da pousada era proprietário da lancha e parente
das vítimas. O piloto era funcionário dele.
A identificação oficial do primeiro corpo ocorreu na manhã de
ontem. Outras quatro vítimas foram identificadas durante a noite. Três delas na
madrugada desta segunda-feira (10).
A autoridade policial salientou que há informações sobre os
outros mortos, mas que é preciso aguardar a resposta dos laudos e dos testes de
DNA, a fim de ter a comprovação oficial da identificação.
As vítimas já identificadas são:
Conforme o G1, Marlene e Sebastião eram casados e pais de Geovany
Teixeira. Este, por sua vez, era pai de Geovany Gabriel. O casal também são os
tios que a costureira Alessandra Barbosa estava procurando no dia do acidente.
Também eram tios da vítima Thiago. Maycon Douglas de Osti era namorado de
Camila Machado.
Duas vítimas ainda aguardam identificação oficial: um homem
de 40 anos, natural de Betim (MG), e uma mulher de 43 anos, nascida em Cajamar
(SP). Segundo a polícia, o homem era piloto de uma das embarcações envolvidas
no acidente.
Ainda não se sabe o que provocou a tragédia. A Polícia Civil
e a Marinha informaram que um inquérito será instaurado para apurar as causas
do deslizamento das pedras no Lago de Furnas, mas especialistas acreditam que a
queda das rochas tenha sido consequência das fortes e prolongadas chuvas que
atingem o estado. Segundo geólogos, possivelmente, as condições climáticas
aceleraram a erosão do paredão.
Responsabilidades
– Conforme a Agência
Brasil, o sargento da Defesa Civil de Minas Gerais, Wander Silva, informou que
a apuração sobre a falta de fiscalização e de medidas de segurança, que
poderiam ter prevenido a tragédia, será discutida na investigação aberta pela
Marinha. Ele salientou que ainda não é o momento de levantar essa discussão. “Estamos
concentrados nas buscas. E essas responsabilidades, no decorrer do inquérito,
serão apuradas. Isso será verificado, posteriormente”, argumentou.
Ainda na manhã do sábado, antes do acidente, portanto, a Defesa
Civil de Minas Gerais emitiu um alerta, informando sobre o risco de ocorrência de
uma cabeça d´água, na região Capitólio. O fenômeno provoca fortes enxurradas e,
no passado, já fez vítimas fatais na mesma região. Mesmo assim, os passeios
turísticos não foram proibidos.
Reunião
– Os prefeitos de
São José da Barra, Paulo Sergio de Oliveira, e de Capitólio, Cristiano Silva,
anunciaram que medidas para reforçar a segurança do turismo no Lago de Furnas
serão discutidas nesta segunda-feira. O encontro reunirá prefeitos da região e
representantes da Defesa Civil de Minas Gerais, da Polícia Militar e da
Marinha.
Segundo o prefeito de Capitólio, uma lei municipal de 2019
disciplina o turismo no cânion, proibindo banhos na área de circulação das
lanchas e limitando a 40 o número de embarcações que podem permanecer por até
30 minutos na área. Além disso, normas da Marinha estabelecem o ordenamento da
orla do lago.
O gestor admitiu, que, até agora, não existia uma norma sobre
a distância mínima entre as lanchas e os paredões rochosos. Cristiano Silva afirmou,
ainda, que um perímetro mínimo de segurança só poderá ser definido após estudo
técnico. O prefeito também ressaltou que o desprendimento de um bloco tão
grande de rocha nunca havia ocorrido na região.