Um homem morreu, nesta quarta-feira (25), em Umbaúba, litoral
Sul de Sergipe, após ter sido imobilizado por dois policiais rodoviários
federais. Os agentes colocaram Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, dentro do
porta-malas de uma viatura e, na sequência, disparam uma grande quantidade de
gás. Segundo o Instituto Médico Legal (IML) do estado, a vítima foi a óbito por asfixia
mecânica e insuficiência respiratória aguda. A ação foi presenciada por um
familiar e registrada por moradores do local.
O resultado da análise feita pelo IML foi confirmado pela
Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP-SE), na manhã desta
quinta-feira (26). De acordo com o G1, outros exames foram realizados, a fim de
detalhar a razão da morte. O corpo foi liberado por volta das 22h30 de ontem. O
velório ocorreu na casa da mãe de Genivaldo, no povoado Mangabeira, em Santa
Luzia do Itanhy. Ele era casado e tinha um filho.
De acordo com Wallyson de Jesus, sobrinho de Genivaldo, o tio
tinha um transtorno mental, por isso estava agitado, no momento da abordagem.
“Eles pediram para que ele levantasse as mãos e encontraram no bolso dele
cartelas de medicamentos. Meu tio ficou nervoso e perguntou o que tinha feito.
Eu pedi que ele se acalmasse e que me ouvisse”, relatou, salientando que a vítima
sofria de esquizofrenia e tomava remédios controlados, há cerca de 20 anos.
A PRF abriu um procedimento disciplinar, com o intuito de averiguar
a conduta dos policiais envolvidos. O caso também será investigado pela Polícia
Federal (PF). Segundo o G1, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também
acompanha a apuração dos fatos. Por meio de nota, a entidade disse que “tem
respeito pelas instituições, mas não compactua com qualquer tipo de violência
ou de tortura”.
A ABORDAGEM – A vítima conduzia uma motocicleta no momento em que foi
parado pelos policiais. Conforme o sobrinho, mesmo diante da tentativa de
diálogo, os agentes usaram spray de pimenta e colocaram seu tio dentro do
porta-malas da viatura. “Eles jogaram um tipo de gás dentro da mala, foram para
delegacia, mas meu tio estava desacordado. Diante disso, os policiais levaram
ele para o hospital, mas já era tarde”, contou.
A família registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia da
cidade. A Polícia Civil, que confirmou o registro do caso, informou que está
procedendo com a coleta de alguns depoimentos. Familiares e testemunhas já
foram ouvidos.
VERSÃO DA PRF – A Polícia Rodoviária Federal justificou,
por meio de nota, que, durante a ação policial, o homem resistiu “ativamente” à
abordagem. De acordo com o G1, o documento expressa que, em razão da suposta
agressividade apresentada por Genivaldo Santos, foram empregadas técnicas de
imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para a contenção.
O texto também diz que a vítima foi, inicialmente, conduzida à
Delegacia de Polícia Civil, mas que se sentiu mal no caminho. “Durante o
deslocamento, passou mal, foi socorrido e levado para o Hospital José Nailson
Moura, onde posteriormente foi atendido e constatado o óbito”, afirma o
documento, lamentando o ocorrido.
Ainda conforme o G1, a Polícia Judiciária foi acionada e também
vai investigar o caso.