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Incêndio afeta os rios da Chapada, que abastecem a Bahia

24 de Novembro de 2015 | 18h 17

30 mil hectares de devastação são estimados pelo governo

Incêndio afeta os rios da Chapada, que abastecem a Bahia
Do Morro do Pai Inácio, pode-se ver a grande área devastada (foto: Rafael Duarte/CI-Brasil)
A caixa d’água da Bahia está em chamas. A Chapada Diamantina, onde nascem 80% dos rios do estado, enfrenta um dos piores incêndios da História. Muitas áreas de nascentes foram afetadas. O fogo começou há quase um mês, diz o coordenador de projetos da Conservação Internacional, o biólogo Rogério Mucugê, que participa do combate.
 
Ontem, três grandes incêndios estavam fora de controle dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Um deles atinge uma área considerada de “valor intangível” para a conservação.
 
— Todos os anos há incêndios na Chapada. Mas ela tem se tornado progressivamente mais seca, e este ano os incêndios atingiram uma ferocidade histórica — afirma Mucugê.
 
Segundo o biólogo, a intensificação das secas está, provavelmente, associada a mudanças climáticas. A situação é particularmente grave porque na Chapada Diamantina fica a Bacia do Rio Paraguaçu, responsável por 60% do abastecimento de água de Salvador. As nascentes do Paraguaçu estão na área queimada.
 
O secretário de Meio Ambiente da Bahia, Eugênio Spengler, estima que a área devastada pode chegar a 30 mil hectares, o equivalente a um quarto de todo o município do Rio.
 
— Só devemos saber exatamente quantas nascentes foram atingidas em cerca de dez dias. Há uma perda considerável de recursos hídricos.
 
Muitos animais morreram, e outros fugiram. Segundo ele, no Parque Nacional da Chapada Diamantina, duas áreas preocupam: Barro Branco, perto de Lençóis, e Folha Larga, perto da localidade de Pai Inácio.
 
— Em Barro Branco, a atuação dos bombeiros é muito difícil. Trata-se de um terreno com muitas fendas e cânions. Onde a vegetação está queimando é uma área de acesso extremamente difícil. Até o combate aéreo é complicado. O controle total do fogo talvez só pode ser estabelecido quando chover. É um local muito perigoso para a atuação dos bombeiros — explica Spengler.
 
Ainda há outro grande incêndio perto do município de Andaraí e nas proximidades do Rio Capivara. Quando um foco de incêndio é apagado, outros surgem. Rogério Mucugê diz que a maioria é criminosa. Alguns são causados por turistas. Eles fazem uso indevido do fogo, que se alastra com facilidade.
 
— Temos observado um agravamento dos incêndios ano a ano. Embora a origem possa ser criminosa, a propagação do fogo é muito mais desastrosa quando a mata está mais seca — explica Mucugê.
 
Atualmente, 26 brigadas de voluntários trabalham em cooperação com as brigadas do Ibama, do ICMBio e das unidades de Corpo de Bombeiros de municípios baianos.
 
— É um trabalho exaustivo, que segue sem interrupção 24 horas por dia. Sai um grupo e entra outro, mas ainda temos focos — explica o biólogo, ele mesmo voluntário na contenção dos incêndios que afetam o município baiano homônimo a ele, Mucugê.
 
Os incêndios são frequentes na região, na estação seca, de agosto a novembro. Porém, segundo o biólogo, mudou foi a intensidade da seca, que facilita a propagação do fogo. A Chapada Diamantina é onde Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga se encontram. Rica em diversidade, tem ecossistemas únicos. Ontem, entre as áreas queimadas estava a encosta do Morro do Pai Inácio, um dos símbolos da Chapada Diamantina.
 
Perguntado se o governo baiano teria como evitar incêndios, Eugênio Spengler disse que é preciso melhorar a prevenção e o monitoramento. Para ele, estado, prefeitura e governo federal precisam se articular.
 
Rogério Mucugê destaca que parte do trabalho de recuperação de nascentes que a Conservação Internacional fez na Chapada foi perdida:
 
— Precisaremos recuperar uma parte de novo. É necessário integrar o combate ao fogo e ter programas de prevenção. A seca vai continuar, e não podemos ficar à mercê do tempo.
 

FONTE: O Globo



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