Adorei a idéia do Pedro Costa, presidente do Conselho Municipal do carnaval de Salvador, de punir Baiana System com o veto oficial no Carnaval 2018. O carnaval, tido sempre como alienação, viraria uma revolucionária banana system para os seus organizadores.
Seria belo ver a banda lotar as ruas ano que vem, em qualquer lugar fora do circuito, ignorando as regras de quem pensa que pode controlar a vontade, a boca alheia e até determinar onde e quando se pode protestar.
Gritar fora Temer não pode. Só pode bajular autoridade, homenagear, agradecer por todo o bem que eles nos proporcionam. E pelos gordos cachês que fabricam a alegria.
Senti sempre aquela vergonha alheia de ver tanta bajulação a governantes e à mídia nestes grandes eventos. De ver tantos artistas incapazes da crítica e do protesto, como se tivéssemos apenas o que comemorar.
Claro que há espaço para o elogio e o agradecimento; claro que algum artista pode legitimamente gostar de e apoiar o governante A ou B.
Mas a regra não escrita da exclusividade para a babação de ovo, que impera no carnaval baiano, atenta contra a normalidade da arte, que é a livre manifestação do pensamento e do sentimento.
Baiana System já era a melhor novidade dessa folia contrariando a lógica reinante e arrastando multidões com uma música infinitamente superior ao padrão bunda-joelhinho-jogaamãopracima-desceatéochão.
Parecia estranho que um pessoal que não estava nos programas populares de TV, que não toca pagode, que não tem uma mulher bonita e/ou gostosa cantando ou rebolando, pudesse atrair tanta gente.
Mas que digo? Estou igual ao Pedro Costa, que acha que pude proibir os caras porque não entende o que se passa hoje no mundo. Pode não, Pedro. Você pode fechar o circuito oficial, mas não pode fechar a cidade nem a alma de ninguém. Não mais.
Há um novo tempo na rua, na mídia, na política. Vetem Baiana System, tirem-lhe os convites e o cachê em 2018. Eles poderão pedir dinheiro na internet para bancar a apresentação. Saibam que gente que nem estará em Salvador vai aceitar pagar, digamos, 5 reais para apoiar. Acho fácil que 100.000 pessoas se disponham a fazer isso. Os R$ 500.000 resultantes são 10 vezes mais do que o cachê deste ano oferecido pela prefeitura.
Cuidado, Pedro. Se você não entender isso, logo vai precisar de terapia.
Nesta sexta-feira, o Diário Oficial do Estado traz a publicação da declaração de bens de alguns de seus membros. Entre eles, por exemplo, o ex-governador Jaques Wagner (patrimônio de R$ 2,8 milhões).
Consta também a declaração do atual secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando Torres. É um caso curioso de milionário com aversão ao sistema bancário. A lista de bens contém 21 itens. O valor mais insignificante é de uma conta no Banco do Brasil, com saldo de R$ 321. O mais vistoso é o “dinheiro em mãos”. São mais de R$ 3 milhões. Representam quase 60% do patrimônio declarado.
O patrimônio se completa basicamente com propriedades rurais e imóveis na cidade, com a usual declaração de valor muito abaixo do valor real, que já vimos em ocasiões anteriores, em declarações por exemplo de Colbert Filho e José Ronaldo. Fernando Torres, por sua vez, declara casas na Praça Padre Ovídio por R$ 10 mil. Não é ilegal. O que ele não poderia é vender a propriedade por um valor muito maior e declarar este. Mas se não mudam de mãos, não é obrigado a atualizar pelo valor de mercado a cada vez que faz sua declaração de bens por exigência de normas legais da política.
Aliás tanto é encarada como mera formalidade a declaração que os dados são exatamente os mesmos de quando o atual secretário foi candidato a deputado federal em 2014. O que não poderia ocorrer, tanto pelo acréscimo do salário de deputado quanto pelas vantagens que os parlamentares recebem como privilégios do mandato para cobrir as mais diversas despesas. No caso de Fernando Torres, foram R$ 773.859,11 ao longo do atual mandato, segundo o Ranking dos Políticos, um site de avaliação dos parlamentares na internet.
FERNANDO TORRES: DECLARAÇÃO DE BENS PUBLICADA NO DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO EM 24/02/2017
DINHEIRO EM ESPÉCIE MOEDA NACIONAL EM MÃOS | 3.234.256,82 |
ÁREA DE TERRA AGRÍCOLA MEDINDO EM SUA TOTALIDADE 8685,43 HA, SITUADO NO MUNICIPIO DE IAÇÚ BAHIA DENOMINADA FAZENDA MARQUISE | 722.080,00 |
CASA DE SAÚDE CNPJ. 16.237.034/0001-34. COM 1758M². | 300.144,00 |
APARTAMENTO SITUADO A RUA PARATI N/. 135 RESERVA ALFA VILLE EDFICIO BUGANVILLE APT. 703 BAIRRO ALLFAVILLE SALVADOR BAHIA. | 300.000,00 |
PARTICIPAÇÃO DE 90% DE QUOTA DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESA GF COMÉRCIO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA. | 270.000,00 |
PARTICIPAÇÃO DE 90% DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESA ATACADÃO PIRAI LTDA. | 90.000,00 |
PARTICIPAÇÃO DE 90% DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESA FAZENDA MARQUISE LTDA. | 90.000,00 |
PARTICIPAÇÃO DE 85% DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESSA POSTO DE LUBRIFICANTES PIRAI LTDA. | 85.000,00 |
PARTICIPAÇÃO DE 80% DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESSA RH CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA. | 80.000,00 |
UMA VEÍCULO CITROEN C4 PALLAS 2.0 EXCLUSIVE. | 80.000,00 |
PARTICIPAÇÃO DE 80% DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESSA PIRAI CONSTRUÇÃO E INCORPORAÇÃO LTDA. | 80.000,00 |
PARTICIPAÇÃO DE 80% DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESA DANTAS TORRES COMERCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA. | 80.000,00 |
CASA SITUADA NA PRAÇA PADRE OVIDIO 30 FEIRA DE SANTANA BAHIA | 15.000,00 |
CASA SITUADA A PRAÇA PADRE OVIDIO 22 FEIRA DE SANTANA BAHIA. | 15.000,00 |
CASA SITUADA NA PRAÇA PADRE OVIDIO 16 FEIRA DE SANTANA BAHIA. | 15.000,00 |
CASA SITUADA NA PRAÇA PADRE OVIDIO 12 FEIRA DE SANTANA BAHIA | 10.000,00 |
ÁREA RESIDENCIAL SITUADA NA AV. GETULIO VARGAS, 2581 BAIRRO SANTA MONICA FEIRA DE SANTANA BAHIA | 10.000,00 |
PARTICIPAÇÃO DE 80% DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESSA CASA DOS PNEUS LTDA. | 8.000,00 |
UMA POTRA MANGALARGA MACHADOR DENOMINADA MANERA | 7.200,00 |
SALDO VBGL DA CAIXA VIDA E PREVIDENCIA S/A. | 1.000,00 |
SALDO CONTA CORRENTE BANCO DO BRASIL. | 321,68 |
TOTAL | 5.493.002,50 |
Saíram os números definitivos da arrecadação da prefeitura de Feira de Santana, aqueles oficiais, que são apresentados aos vereadores (a sessão ocorreu ontem na Câmara, com exposição dos dados pelo secretário Expedito Eloy). Os dados mostram que a receita municipal cresceu R$ 70.228.038,87 (mais de 70 milhões de reais). Cresceu portanto 7,34%. Acima da inflação medida pelo IBGE, que foi de 6,29% em 2016.
Como antecipamos nesta página no último dia 13, foi o primeiro ano em que a receita municipal superou o bilhão de reais. Chegou a R$ 1.027.458.989,12 (um bilhão, vinte e sete milhões …). Em 2015 havia sido de R$ 957.230.950,25 (novecentos e cinquenta e sete milhões…).
Os números finais levados ontem pelo secretário à Câmara foram ainda levemente melhores do que os que informamos no texto publicado aqui no blog, também com base em dados oficiais que estão disponíveis no site da prefeitura.
E sobretudo muitíssimo diferentes dos que eram propalados pelos dirigentes municipais ao longo do ano, quando referiam-se a uma queda drástica da receita. No final de dezembro, quando os valores estavam quase fechados, o prefeito José Ronaldo apontava perda de R$ 35 milhões até o final de setembro.
A Tribuna Feirense pediu e está aguardando da Secretaria da Fazenda explicações complementares que demonstrem porque o ano acabou com crescimento da receita acima da inflação, diante de uma expectativa tão desfavorável e um quadro econômico de recessão no país, com um grande aumento do desemprego, inclusive em Feira de Santana.
O vice-líder do governo na Câmara, Marcos Lima, chamou de “pouca vergonha” a atuação da empresa Rosa, que opera metade do transporte coletivo em Feira de Santana.
“Chegou dizendo que ia resolver os problemas contratando ônibus novos para o nosso município, e aí está a situação que hoje vive a nossa cidade: ônibus apreendidos, levados de Feira de Santana, espalhados em vários cantos da nossa Bahia e outras cidades, e a empresa Rosa deixando à mercê os usuários do transporte”, criticou.
Chegou a dizer que a empresa faz o que quer, no que foi contestado pelo líder governista José Carneiro. “A Rosa nem nenhuma empresa em Feira de Santana fazem o que querem, porque nós temos um governo sério, respeitado e comprometido com a cidade”, rebateu.
Mas se nem o vereador que ajuda a liderar a bancada governista poupa críticas ao setor, não será a oposição que irá apaziguar. Ao contrário, Zé Filé (Pros), aproveitou para chamar a atenção do prefeito José Ronaldo. “O senhor recebeu 71% dos votos da população e não pode aceitar essa situação absurda que as empresas de ônibus obrigam a população de Feira de Santana a passar”, ressaltou.
Alberto Nery (PT) pediu que mais empresas sejam admitidas no serviço e que a Rosa seja afastada. Ele citou o fato de que há poucos dias foi anunciado que os ônibus da empresa foram retomados pelo banco Mercedes Benz, que representa o fabricante e obteve na justiça uma ordem de busca e apreensão por ordem de pagamento, mas que agora revelou-se que alguns destes ônibus foram encontrados em Petrolina, Pernambuco, onde a Rosa teria a expectativa de assumir a operação.
A Tribuna Feirense obteve da assessoria de imprensa da Mercedes Benz em São Paulo, a informação de que dos 51 ônibus requisitados judicialmente houve de fato a apreensão de cerca de 30 (o número exato não foi informado). Faltariam portanto, em torno de 20. A informação da imprensa pernambucana é de que 14 chegaram a Petrolina na semana passada.
GRATUIDADE
O vereador Roberto Tourinho aproveitou a discussão para anunciar que vai pedir modificação na lei que trata da gratuidade, a fim de ampliar seu alcance. “Os portadores de necessidades especiais vêm sendo penalizados e precisam recorrer à Justiça para garantir esse direito. Sou radicalmente contrário a farra da passagem gratuita porque sei que alguém paga por ela, mas não podemos concordar com o prejuízo dos portadores”, avisou.
Durante quase uma hora o presidente da Câmara, Ronny, ocupou a tribuna da Câmara na manhã desta terça-feira (21), para relatar o jantar na casa do governador Rui Costa, que ele mesmo fez questão de espalhar ainda quando estava de saída do Palácio de Ondina, postando na internet o agradecimento pelo convite para repartir a mesa e conversar durante mais de três horas, segundo o seu relato.
Na longa explanação, interrompida muitas vezes por apartes dos colegas, o presidente da Câmara fez um histórico de sua trajetória política, reconheceu o papel primordial exercido pelo prefeito José Ronaldo nos primeiros passos, disse que foi o prefeito quem o incentivou a se candidatar pela primeira vez a vereador e acrescentou que continua sendo um liderado do prefeito. Mas admitiu que conversou com Rui Costa sobre o futuro da política, em Feira e na Bahia. Admitiu também que havia partes da conversação que não poderia revelar.
Ao comentar o impacto que o jantar poderia ter em sua relação com o prefeito, disse que não tinha nada a esconder. “Tenho respeito por José Ronaldo. Tenho gratidão. Gratidão e respeito é muito diferente de medo. Tá muito longe”, avisou. Ao mesmo tempo, advertiu que “anda certo” e tem ajudado o governo.
Em meio a muitos elogios à cortesia e ao modo de fazer política do governador, mandou recado para quem recriminou a intimidade com o adversário do DEM.
“A forma de fazer política do governador Rui Costa é diferenciada das outras siglas”, avaliou, colocando a postura do petista como melhor do que a do PT e a do DEM.
Neste ponto partiu para a comparação com o prefeito de Salvador, ACM Neto e revelou o desgosto pelo fato do prefeito de Salvador ter ignorado a comenda Maria Quitéria, concedida por Ronny e que o homenageado jamais se dispôs a buscar. Ronny revelou que numa visita do político do DEM a Feira fez questão de saber o que pensava de receber a comenda. ACM Neto disse se sentir honrado, mas na prática não demonstrou interesse. “Dei em meados de 2014, passei inúmeros emails, inúmeros telefonemas e nunca tive retorno”, queixou-se.
De igual modo comparou o convite recebido de Rui com a postura do prefeito da capital. “Nesta casa ninguém nunca foi chamado por ACM Neto”, registrou, lembrando que o político é considerado como a maior liderança de oposição a Rui.
Ronny cobriu de elogios o metrô, obra do governo do estado (“uma das obras mais importantes já vistas na história da Bahia”) e acrescentou que o governador pediu sua presença — com os vereadores que desejar chamar — em todas as ações do governo do estado de que vier participar em Feira de Santana, prometendo telefonar pessoalmente. “A política é o carinho. A política é atenção. E eu nunca tive”, queixou-se, ainda enquanto se referia a ACM Neto.