A
Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou, nesta quarta-feira
(12), que vacinará, apenas, gestantes e puérperas com bebês de até 45 dias
portadoras de comorbidades. A decisão, tomada ontem (11), segue a recomendação
do Ministério da Saúde.
A orientação
da pasta veio após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitir
uma nota técnica, na última segunda-feira (10), indicando a suspensão imediata
do uso do imunizante da AstraZeneca em mulheres grávidas. O motivo foi morte de
uma gestante do Rio de Janeiro, no dia 10 de maio, após a imunização com o
fármaco elaborado em parceria com a Universidade de Oxford, que, no Brasil, vem
sendo produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O
caso ainda está em investigação e, até o momento, não há comprovação de que o
óbito foi provocado pela vacina. A Anvisa, no entanto, optou por recomendar que
a aplicação siga, criteriosamente, a indicação da bula. "O uso off label? de vacinas, ou seja, em situações não previstas na bula, só deve ser
feito mediante avaliação individual por um profissional de saúde que
considere os riscos e benefícios da vacina para a paciente. A bula atual da
vacina contra Covid da AstraZeneca não recomenda o uso da vacina sem orientação
médica", diz o documento.
A agência
reguladora enfatizou, ainda, que "a ocorrência de eventos adversos é
extremamente rara e inferior ao risco apresentado pela Covid-19". Por isso, no
momento, o Ministério da Saúde aconselha a manutenção da vacinação de
gestantes, mas reavalia a imunização no grupo sem comorbidades.
Segundo
o G1, a Sesab já havia anunciado a suspensão
da vacina da AstraZeneca para
esse mesmo público alvo. A descontinuidade do uso do antígeno foi adotada por
precaução, segundo o órgão estadual, uma vez que, de acordo com a Anvisa, o "evento
adverso grave de acidente vascular cerebral hemorrágico foi avaliado como
possivelmente relacionado ao uso da vacina administrada na gestante".
A
Bahia segue vacinando as mulheres grávidas com doses do imunizante produzido
pelas farmacêuticas Pfizer/BioNtech e com a CoronaVac, vacina elaborada pelo
laboratório chinês Sinovac e fabricado no Brasil pelo Instituto Butantan.
Conforme
o G1, no caso da CoronaVac, as vacinas estão sendo aplicadas nas cidades que
ainda têm doses. O último lote com
60,2 mil doses chegou à Bahia no dia 8 de maio. Mas, em Salvador, já
não há doses disponíveis deste imunizante.
No
caso da vacina da Pfizer, as aplicações estão restritas à capital e outras 12
cidades da região metropolitana de Salvador (RMS). Isso porque o armazenamento requer
refrigeração especial, em temperatura negativa extremamente baixa. Um lote contendo 69.030 doses deste
imunizante chegou na madrugada de ontem.
Inicialmente,
diz o G1, todas as doses da Pfizer permaneceriam na capital baiana, mas uma
reunião com a Comissão Intergestores Bipartite (CIB) definiu que Salvador
ficaria com 20% das doses, isto é, cerca de 14 mil unidades. Os outros
municípios da RMS receberiam os 80% restantes.
As vacinas da Pfizer estão guardadas na Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (CEADI), em Simões Filho, e as secretarias de Saúde estão fazendo retiradas graduais, por causa do prazo para a aplicação, que é de somente cinco dias quando o fármaco é refrigerado em temperaturas entre 2 e 8 graus Celsius positivos.
GRÁVIDAS E O IMUNIZANTE DA
ASTRAZENECA - Conforme o
G1, em
Salvador, pelo menos 21 gestantes receberam doses da vacina da AstraZeneca,
antes da recomendação da Anvisa. No entanto, o número pode ser maior, já que algumas
grávidas se vacinaram em outros grupos prioritários, como é o caso, por
exemplo, do segmento de profissionais da Saúde.
O secretário
Municipal de Saúde de Salvador, Léo Prates, disse que havia recomendado a
imunização de gestantes com doses da Pfizer. Porém, no dia 7 de maio, quando as
21 mulheres foram vacinadas, também estavam disponíveis, nos pontos de
imunização, doses das vacinas, agora, suspensas. "Naquele momento, não havia
qualquer contraindicação da Oxford/AstraZeneca para grávidas. Eu li, em sites
internacionais, que os Estados Unidos estavam vacinando suas grávidas com
Pfizer. Então, recomendei para a gente usar esse tipo de vacina aqui, por
precaução e segurança. Como alguns pontos tinham Oxford e Pfizer, aconteceu de
alguns vacinadores aplicarem a da Oxford em gestantes", detalhou o gestor.
Ainda
de acordo com o G1, desde o início da imunização em Salvador, a Secretaria
Municipal de Saúde (SMS) criou um formulário para que os vacinados informem
possíveis reações adversas. O endereço é o http://reacoesadversascovid.saude.salvador.ba.gov.br.
"Essas
gestantes podem nos notificar, se tiverem alguma reação. Nós estamos prontos
para dar todo o atendimento e acompanhamento a essas mamães. Quero também
ressaltar e tranquilizar de que ainda não há nenhum tipo de comprovação de
problemas causados pela aplicação da Oxford/AstraZeneca. A Anvisa tomou uma
medida correta, que é, por precaução, suspender a utilização enquanto a
gestação não termina", esclareceu o secretário.
Leo
Prates solicita que as grávidas que se vacinaram dentro de outros grupos
prioritários notifiquem a prefeitura, caso observem alguma reação adversa. Isto
porque, como não se vacinaram no grupo de gestantes, não conta, no sistema, a
identificação da gravidez. Segundo o G1, até a manhã desta quarta-feira,
Salvador já havia vacinado 487 grávidas. O dado corresponde às mulheres vacinadas
no grupo prioritário de gestantes.
NÃO TESTADA EM
GRÁVIDAS - A vacina da AstraZeneca/Oxford tem eficácia de 76%. A taxa de proteção contra o novo coronavírus
é considerada bastante elevada, estando, inclusive, acima do percentual exigido
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é 50%. Com intervalo de aplicação entre
doses maior que todas as vacinas disponíveis no Brasil, até o momento (três
meses), o imunizante da AstraZeneca não foi testado em mulheres grávidas ou em processo
de amamentação.
Segundo
o G1, o fabricante recomenda que o fármaco não seja utilizado por gestantes,
sem orientação médica. "Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres
grávidas sem orientação médica. Informe o seu profissional de saúde se você
estiver grávida, amamentando, pensando engravidar ou planejando ter um bebê. Há
dados limitados sobre o uso da vacina Covid-19 (recombinante) em mulheres
grávidas ou que estejam amamentando. Seu profissional de saúde discutirá com
você se você pode receber a vacina", orienta o prospecto.