Tribuna Feirense

  • Facebook
  • Twiiter
  • 55 75 99801 5659
  • Feira de Santana, quinta, 13 de novembro de 2025

Política

Emergência climática é uma crise da desigualdade, diz Lula, na abertura da COP30

10 de Novembro de 2025 | 18h 22
Emergência climática é uma crise da desigualdade, diz Lula, na abertura da COP30
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta segunda-feira (10), durante a abertura da 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), que a governança global precisa se posicionar a favor de uma transição justa para economias de baixo carbono”.

Isto, segundo o chefe de Estado brasileiro, evitaria um colapso climático planetário. O evento prossegue até o dia 21, em Belém, capital do estado do Pará. "Uma transição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul Global, forjadas sobre séculos de emissões. A emergência climática é uma crise de desigualdade. Ela expõe e exacerba o que já é inaceitável. Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem deve morrer. Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia. O desalento não pode extinguir as esperanças da juventude. Devemos a nossos filhos e netos a oportunidade de viver em uma Terra onde seja possível sonhar", destacou.

O presidente citou o pensador indígena Davi Kopenawa, com o intuito de pedir clareza aos negociadores. "O xamã yanomami Davi Kopenawa diz que o pensamento na cidade é obscuro e esfumaçado, obstruído pelo ronco dos carros e pelo ruído das máquinas. Espero que a serenidade da floresta inspire, em todos nós, a clareza de pensamento necessária para ver o que precisa ser feito", lembrou.

Realizada pela primeira vez na Amazônia – bioma com a maior biodiversidade do planeta e um regulador do clima global –, a COP30 tem o desafio de recolocar o tema das mudanças climáticas no centro das prioridades internacionais.

Lula enfatizou que o aquecimento global pode empurrar milhões de pessoas para a fome e a pobreza, fazendo retroceder décadas de avanço. Também lembrou o impacto desproporcional que mudança do clima causa sobre mulheres, afrodescendentes, migrantes e grupos vulneráveis, o que, segundo ele, deve ser levado em conta nas políticas de adaptação.

O presidente reafirmou, ainda, o papel dos territórios indígenas e de comunidades tradicionais nos esforços de mitigação do aumento das temperaturas, pela preservação das florestas e, consequentemente, a regulação do carbono na atmosfera. "No Brasil, mais de 13% do território são áreas demarcadas para os povos indígenas. Talvez ainda seja pouco", ponderou.

Crítica aos negacionistas O presidente do Brasil criticou duramente os que negam a ciência e usam a desinformação para contrariar as evidências trágicas das mudanças no clima global. E reafirmou que a COP30 será a "COP da verdade". "Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. Atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas. Sem o Acordo de Paris, o mundo estaria fadado a um aquecimento catastrófico de quase cinco graus até o fim do século. Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada", apontou.

Acelerar a ação climática – Além disso, Lula pediu que os líderes acelerem as ações necessárias para conter o aumento da temperatura do planeta e voltou a defender um mapa do caminho para superar a dependência dos combustíveis fósseis – que causam 75% do aquecimento global.

Para tanto, o presidente sugeriu a criação de um conselho mundial sobre o tema. "Avançar requer uma governança global mais robusta, capaz de assegurar que palavras se traduzam em ações. A proposta de criação de um Conselho do Clima, vinculado à Assembleia Geral da ONU, é uma forma de dar a esse desafio a estatura política que ele merece", pontuou.

Ao citar o chamado à ação, por parte do Brasil, na COP30, Lula destacou a necessidade de formulação e implementação de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) mais ambiciosas, garantia de financiamento, transferência de tecnologia e capacitação aos países em desenvolvimento, além de priorizar políticas de adaptação aos efeitos da mudança do clima.

No seu entendimento, "a mudança do clima já não é uma ameaça do futuro. É uma tragédia do presente”. Lula mencionou, ainda, tragédias recentes, em diversas partes do planeta. “O furacão Melissa, que fustigou o Caribe, e o tornado que atingiu o estado do Paraná, no Sul do Brasil, deixaram vítimas fatais e um rastro de destruição. Das secas e incêndios na África e na Europa às enchentes na América do Sul e no Sudeste Asiático, o aumento da temperatura global espalha dor e sofrimento, especialmente entre as populações mais vulneráveis", observou.

Coração amazônico – De improviso, antes de começar a ler o discurso oficial, Lula agradeceu ao povo do Pará e disse que os participantes da COP30 serão recebidos por "homens e mulheres muito alegres, muito educados”. E salientou que moradores cuidarão dos visitantes que participam do evento como estes “jamais foram cuidados".

O presidente ainda enfatizou a culinária paraense, ao sugerir que os visitantes comam maniçoba. Ressaltou que é mais barato cuidar do clima do que fazer guerra, em alusão aos gastos militares que superam US$ 2 trilhões, e a necessidade de atingir US$ 1,3 trilhão anuais para ação climática. "Trazer a COP para o coração da Amazônia foi uma tarefa árdua, mas necessária. A Amazônia não é uma entidade abstrata. Quem só vê a floresta de cima desconhece o que se passa à sua sombra. O bioma mais diverso da Terra é a casa de quase 50 milhões, incluindo 400 povos indígenas, dispersa por nove países em desenvolvimento, que enfrentam imensos desafios sociais e econômicos", frisou Lula.

Fafá de BelÉm e indígenas – A abertura da COP30 contou, também, com a participação da cantora Fafá de Belém e da cantora e ministra da Cultura, Margareth Menezes. Juntas, elas cantaram a canção Emoriô, de João Donato, e Fafá interpretou a música Amazônia, de Nilton Chaves.

Também subiram ao palco indígenas da etnia Guajajara, do Maranhão, que dançaram e entoaram cantos, durante um tradicional ritual.

 

 

 



*Com informações da Agência Brasil.



Política LEIA TAMBÉM

Charge da Semana

Charge do Borega

As mais lidas hoje