Apesar de haver ainda preconceito, este certamente é dado pela falta de conhecimento sobre a doença. “Hepatite é toda e qualquer inflamação que ocorre no fígado”, conforme a hepatologistaKarina Ferreira, há inúmeras causas e tem cura.
Francisco Carlos, vice-presidente do Grupo Otimista Feirense (GOF) afirma que o enfermo é geralmente visto “como uma pessoa com doença incurável e isto deixa o portador afetado psicologicamente”.
No entanto, o tipo A tem cura em 99% dos casos e raramente evolui para formas graves. Na hepatite B, de 90 a 95% dos casos são curados, apenas 5 a 10% não conseguem eliminar o vírus através das próprias defesas do sistema imune. Com a chegada de novas medicações - com perspectiva de liberação pelo SUS a partir de julho - a chance de cura da hepatite C ultrapassa 90%.
Somente no Centro de Referência Municipal para Hepatites Virais (Rua Barão do Rio Branco, 1.054), entre 2009 e 2013 foram confirmados 486 novos casos da doença. Destes, 240 são do vírus B (49,4%), 196 do C (40,4%), 35 do vírus B em gestantes (7,2%) e 15 casos (3,0%) do tipo A. Em julho do ano passado, eram 154 pacientes em tratamento para hepatites B e C, sendo 100 portadores do vírus B e 54 do tipo C. A média de atendimentos é de 30 pacientes por dia. O tratamento é multiprofissional e gratuito. Mas, para ocomerciário VJ, portador da Hepatite C(que não quis se identificar), “ainda existe uma grande burocracia, o que faz com que muitos pacientes desistam”.
A vacinação, disponível na rede pública, é eficaz contra hepatite A e B, mas não há imunidade contra a C.Doença silenciosa, nem sempre apresenta sintomas e só exames de rotina levam ao diagnóstico precoce, melhor forma de evitar complicações.
No Brasil, há hoje 2,5 milhões de pessoas com hepatite C (em torno de 1,5% da população). No mundo, há 170 milhões de infectados pelo vírus.
As hepatites
Os tipos de hepatite dependem de sua causa, sendo eles:
1- Hepatites causadas por vírus. As mais comuns são as do tipo A, B ou C. A hepatite A é adquirida através da ingestão de água ou alimento contaminado;a do tipo B, geralmente por via sexual, mas também por contato com sangue contaminado e de mãe para filho; já a C, por contato com sangue contaminado, principalmente através de compartilhamento de material perfuro-cortante (seringas; agulhas; lâminas de barbear; utensílios de manicure, tatuagens ou piercing), hemodiálise, transfusão de sangue e derivados antes de 1993, além de exposição ocupacional dos profissionais de saúde.
2- Hepatites tóxicas: causadas pela ingestão de fitoterápicos, chás (comoos de cavalinha, cáscara sagrada, sacaca, espinheira santa, fedegoso), suplementos proteicos, termogênicos, exposição a produtos químicos, medicamentos.
3- Hepatites associadas à gordura no fígado: causadas principalmente pela obesidade, excesso de gordura no sangue e diabetes mellitus ou pré-diabetes.
4- Hepatite alcóolica.
As hepatites crônicas B e C podem evoluir para cirrose, câncer de fígado e perda da função do órgão, necessitando de transplante, e até levar à morte.
O tratamento da hepatite B crônica pode se dar com uso de comprimidos uma vez ao dia ou injeção uma vez por semana. A escolha do medicamento depende da condição clínica do paciente e das características do vírus. Para hepatite C, via de regra, utiliza-se Interferon associado à Ribavirina com ou sem Boceprevir ou Telaprevir. O tempo de tratamento varia caso a caso.VJassocia o tratamento medicamentoso à dieta e caminhadas.Aos51 anos e hepatite há sete, ele afirma que desconhece a causa do problema.
“A grande maioria dos casos diagnosticados [com hepatite C] atualmente são de indivíduos que foram contaminados décadas atrás” já que “ovírus foi descoberto em 1989 e somente a partir de 1993 o teste de detecção foi largamente empregado”, explica a especialista.Foi o caso dacabeleireiraAderlinda Santos de Almeida, de 56 anos. Ela descobriu a hepatite C há 12 anos, mas contraiu a patologia em 1982, durante uma transfusão de sangue devido à complicaçõespós-parto. Felizmente, Dona Aderlinda está curada há um ano.
Apesar da doença geralmente ser assintomática, aqueles que estão em tratamento reclamam dos efeitos colaterais.O comerciário sente cansaço e dores de cabeça. Dona Aderlindateve anemia, perda de paladar e cabelo e até alterações emocionais. “Não é um tratamento fácil”. Ela conta que, para atravessar uma avenida deduas vias, esperava o sinal fechar e,após atravessar a primeira via, tinha que parar no canteiro,aguardar o sinal abrir e fechar novamente, para atravessar a outra via, devido à excessiva fadiga. “Mas à proporção que a medicação é eliminada do organismo, a gente começa a ter uma rotina normal”, festeja.
Hoje a cabeleireira ajuda outras pessoas,integrando o Grupo do Amor, que atua junto aos psicólogos do Centro de Referência Municipal.
Colocar este texto abaixo ou lado da Foto da médica Karina:
Karina Souza Ferreira Maia é natural de Itabuna. Formada em medicina pela Ufba, fez residência em Clínica Médica no Hospital Santo Antônio e de Gastro-Hepatologia no Hospital Universitário Edgard Santos (Ufba), área em que atua há16 anos.Atendeno Programa Municipal de Hepatites Virais e na Clínica São Vicente. É mestre em Saúde Coletiva pela Uefs, onde leciona no curso de medicina.
BOX / NOTA:_________________________________________________
Nota de falecimento:
“É com grande pesar que, no 21/06/15 próximo passado, perdemos o nosso presidente da Associação [Grupo Otimista Feirense (GOF)], o Sr. José Rodrigues da Costa, 69 anos, após uma cirurgia aque foi submetido,na qual houve complicações respiratórias e Deus o levou. Quero deixar claro que ele foi o grande líder e batalhador responsável pela fundação da nossa ONG. Sem a perseverança dele, hoje talvez ainda não haveria uma associação aqui em Feira de Santana”.(Francisco Carlos, vice-presidente do GOF)
Há três anos, o GOF nasceu para "prestar solidariedade, divulgar informações, promover ações educativas aos infectados por hepatites virais”, conforme seu vice-presidente.
FONTE: Lana Mattos