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Saúde

Chikungunya: uma dor que não passa nunca

Juliana Vital - 03 de Agosto de 2015 | 10h 17

O que mais se ouve dos pacientes é "Até quando sentirei dor?"

Chikungunya: uma dor que não passa nunca
Sala cheia de pacientes que são atendidos na secretaria municipal de Saúde em um projeto experimental com uso da acupuntura, técnica da medicina tradicional chinesa

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A chikungunya, com mais de 3 mil notificações de casos suspeitos e 1196 confirmados em Feira de Santana este ano, tem causado uma mudança radical na rotina das vítimas. As dores provocadas pela doença meses depois do contágio, diminuem a qualidade de vida e limitam ações cotidianas, sejam domésticas ou profissionais.  O que mais se ouve entre os pacientes é "Até quando sentirei dor"? ou "Quando vou voltar ao normal"?

A  instrumentadora cirúrgica Rosângela Danczuk de 49 anos, ficou mais de um mês sem poder trabalhar. Ela é moradora da rua Castro Alves, no centro da cidade e teve os primeiros sintomas em 16 de maio. "Amanheci em um sábado com dor, pensei que tinha dormido em cima do braço. De tarde eu já estava com quase 40 graus de febre e não passava. Tive que ir pro hospital e no domingo eu tive que tomar morfina, de tanta dor. Foram 32 dias sem movimentos e sem trabalhar ", relembra.

Rosângela afirma que nunca sentiu dor semelhante e nunca passou por situação igual. Atuando há 21 anos na área de instrumentação cirúrgica, e acostumada a trabalhar em cirurgias de grande porte, diz que nunca mais conseguiu voltar a atuar normalmente. Ela agora tem que trabalhar menos e em cirurgias com menor esforço físico.

“Isso tem me dado prejuízos, pois não consigo mais trabalhar como antes. Hoje não faço mais que cinco cirurgias no dia, leves, rápidas, não faço mais cirurgia de grande porte. Sou sozinha, me sustento, isso tem me causado muito transtorno. Estava limitada, triste, deprimida. Essa doença causa uma tristeza sem igual, porque ficamos limitados. A gente não consegue ter uma vida normal. Até dormir é difícil, deitar na cama é doloroso, não consigo ter um sono normal por mais cansaço que tenha. Fico preocupada com esta situação em nosso estado e em nosso país. Por muito menos que isso, o Rio de Janeiro buscou ajuda da Cruz Vermelha, declarou estado de emergência. Nós estamos vivendo uma situação grave na saúde", alerta.

Edivanda Ramos, 42 anos, sentiu os primeiros sintomas há um ano, em julho de 2014, antes mesmo da secretaria de Saúde saber do que se tratava. As dores foram intensas e limitadoras. Como é faxineira, chegou a pensar que eram oriundas do trabalho e foi encaminhada pelo posto de saúde para tratamento de lesões laborais.

Após várias idas ao médico, tanto no posto de saúde como em policlínicas, ela fez um exame de sangue, encaminhado pela secretaria de Saúde para análise no Lacen em Salvador. O laboratório descartou a dengue e detectou uma nova doença. Edivanda foi uma das primeiras pessoas diagnosticadas com chikungunya.

"Eu moro na Santa Mônica, mas passo praticamente todos os finais de semana na casa de minha mãe no bairro George Américo, lá onde começou o foco dessa doença, então eu acredito que peguei lá mesmo", especula. 

Um ano depois, Edivanda sofre consequências graves da doença. "De lá pra cá eu só consegui ficar uns quatro meses boa, após os primeiros sintomas. Depois disso tive recaídas constantes, muitas dores mesmo. A ponto de não conseguir nem mais fazer meu trabalho direito. Só faço faxina leve, não consigo mais fazer nada como antes. Além disso me sinto fraca, não sou a mesma pessoa, minha vida mudou". 

Osana Santana teve chikungunya em outubro de 2014 e voltou a sentir dores em março. Moradora da Rua Nova, foi atendida na policlínica do bairro, mas diante do estado grave, acabou encaminhada para a própria Vigilância Epidemiológica, para ser acompanhada por infectologistas.

"Eu não andava, precisava de ajuda pra me locomover. Fazer qualquer coisa simples como segurar um copo para beber água era difícil", relembra. Comerciante, ela teve dificuldades para voltar à rotina profissional. "É ruim demais, não me sentia bem sentada, deitada, de jeito nenhum. Tudo incomoda, tudo dói, só em pé me sinto mais aliviada. Mas logo incham os pés e doem.



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