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  • Feira de Santana, quarta, 03 de dezembro de 2025

César Oliveira

Parque da Lagoa Salgada não sai do papel e o manancial segue ameaçado pela especulação imobiliária

03 de Dezembro de 2025 | 08h 03
Parque da Lagoa Salgada não sai do papel e o manancial segue ameaçado pela especulação imobiliária
Imagem da Lagoa Salgada em 2/12/2025. Fonte: Google Earth

A criação do Parque da Lagoa Salgada, em Feira de Santana, é uma necessidade urgente que há anos se arrasta entre promessas não cumpridas e pressões da especulação imobiliária. Transformar essa área em unidade de conservação efetiva não é apenas uma decisão administrativa — é um compromisso com o futuro ambiental, social e cultural da cidade.

A Lagoa Salgada constitui um dos  remanescentes do ecossistema aquático urbano ainda existente no município. A preservação desse espaço oferece múltiplos benefícios ambientais: regulação microclimática, recarga de aquíferos, filtragem natural da água, além de funcionar como uma barreira essencial contra enchentes e processos erosivos. Em tempos de crise hídrica e aumento das temperaturas, proteger uma lagoa é proteger também a qualidade de vida da população.

Do ponto de vista social, o parque representará um espaço público democrático e acessível, capaz de promover lazer, bem-estar e saúde para milhares de pessoas. Cidades que investem em áreas verdes ampliam sua atratividade turística, estimulam práticas esportivas e fortalecem a sensação de pertencimento comunitário. A Lagoa Salgada poderia se tornar um dos principais cartões-postais de Feira de Santana, assim como outras cidades brasileiras transformaram suas lagoas e parques em polos de convivência e educação ambiental.

Por outro lado, a especulação imobiliária ameaça esse potencial sob o silêncio cúmplice das autoridades e órgão ambientais. O Ministério Público tem a obrigação de zelar por essa área de proteção ambiental, fiscalizar escrituras de ocupação e impedir construções sob pena de falhar em seu papel.  A ocupação  — motivada pelo interesse imediato de lucro — coloca em risco um patrimônio natural insubstituível. Uma vez destruída, a lagoa não pode ser reconstituída. A cidade perderia não apenas um ambiente vital, mas também um legado que pertence a todas as gerações. É preciso que as autoridades expliquem como condomínios conseguem autorização da Prefeitura e do Meio Ambiente para desrespeitarem o limite de afastamento para  construção em Área de Proteção Ambiental(APA). Em tempos que a grilagem acaba de ser denunciada em Feira é importante que os órgãos públicos estejam atentos. A construção do Parque da Lagoa Salgada já foi prometida pelo governo do Estado e pela Prefeitura de Feira, mas nenhum dos dois, efetivamente,  colocou máquinas à obra.

Defender a criação do Parque da Lagoa Salgada significa optar por um modelo de desenvolvimento responsável, que respeita a natureza e compreende que progresso não é sinônimo de concreto, mas de equilíbrio. Feira de Santana merece um futuro onde crescimento urbano e preservação ambiental caminhem juntos — e esse futuro começa com a proteção da Lagoa Salgada.



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