A criação do Parque da Lagoa
Salgada, em Feira de Santana, é uma necessidade urgente que há anos se arrasta
entre promessas não cumpridas e pressões da especulação imobiliária.
Transformar essa área em unidade de conservação efetiva não é apenas uma decisão
administrativa — é um compromisso com o futuro ambiental, social e cultural da
cidade.
A Lagoa Salgada constitui um
dos remanescentes do ecossistema
aquático urbano ainda existente no município. A preservação desse espaço
oferece múltiplos benefícios ambientais: regulação microclimática, recarga de
aquíferos, filtragem natural da água, além de funcionar como uma barreira
essencial contra enchentes e processos erosivos. Em tempos de crise hídrica e
aumento das temperaturas, proteger uma lagoa é proteger também a qualidade de
vida da população.
Do ponto de vista social, o
parque representará um espaço público democrático e acessível, capaz de
promover lazer, bem-estar e saúde para milhares de pessoas. Cidades que
investem em áreas verdes ampliam sua atratividade turística, estimulam práticas
esportivas e fortalecem a sensação de pertencimento comunitário. A Lagoa
Salgada poderia se tornar um dos principais cartões-postais de Feira de
Santana, assim como outras cidades brasileiras transformaram suas lagoas e
parques em polos de convivência e educação ambiental.
Por outro lado, a especulação
imobiliária ameaça esse potencial sob o silêncio cúmplice das autoridades e
órgão ambientais. O Ministério Público tem a obrigação de zelar por essa área
de proteção ambiental, fiscalizar escrituras de ocupação e impedir construções
sob pena de falhar em seu papel. A
ocupação — motivada pelo interesse
imediato de lucro — coloca em risco um patrimônio natural insubstituível. Uma
vez destruída, a lagoa não pode ser reconstituída. A cidade perderia não apenas
um ambiente vital, mas também um legado que pertence a todas as gerações. É
preciso que as autoridades expliquem como condomínios conseguem autorização da
Prefeitura e do Meio Ambiente para desrespeitarem o limite de afastamento para construção em Área de Proteção Ambiental(APA).
Em tempos que a grilagem acaba de ser denunciada em Feira é importante que os
órgãos públicos estejam atentos. A construção do Parque da Lagoa Salgada já foi
prometida pelo governo do Estado e pela Prefeitura de Feira, mas nenhum dos
dois, efetivamente, colocou máquinas à
obra.
Defender a criação do Parque da
Lagoa Salgada significa optar por um modelo de desenvolvimento responsável, que
respeita a natureza e compreende que progresso não é sinônimo de concreto, mas
de equilíbrio. Feira de Santana merece um futuro onde crescimento urbano e
preservação ambiental caminhem juntos — e esse futuro começa com a proteção da
Lagoa Salgada.