Entre tantas coisas que se criticam sem parar em relação aos privilégios dos deputados federais estão as emendas parlamentares, que agora sob a gestão de Eduardo Cunha passaram a ser impositivas. Ou seja, o Executivo será obrigado a liberar o valor delas para obras indicadas pelos legisladores. São criticadas porque concebidas para atender a interesses paroquiais de quem indica ou, pior ainda, por servirem de combustível para a corrupção.
Mas talvez, como tantas outras coisas, o mau não está propriamente nelas, mas no uso que delas se faz. Um exemplo positivo acaba de ser dado em Feira de Santana. Nesta sexta-feira foi inaugurada a nova sede do Ministério Público do Trabalho, que segundo o órgão mesmo informa, consumiu R$ 2 milhões do orçamento da União.
O dinheiro veio justamente das tão execradas emendas parlamentares. Vários deles, de partidos diversos e em anos diferentes (a construção começou em 2011): Fernando Torres, Marcelo Guimarães Filho, Nelson Pellegrino, Félix Mendonça e Félix Mendonça Júnior. Foi preciso ainda de uma complementação orçamentária do próprio MPT.
Sem as emendas, será que o investimento – necessário para atender melhor demandas que chegam de 83 municípios além de Feira – teria sido bancado pela União? O histórico do pouco caso com quem mora no interior nos autoriza a afirmar que não.
Um homem foi preso domingo em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, com 581 quilos de maconha e 800 munições, inclusive de calibre ponto 40 e ponto 45. Tudo escondido no carro roubado, de luxo, que conduzia.
Um outro homem foi preso segunda-feira em Recife, Pernambuco, quando transportava numa caminhonete, junto com um comparsa, cerca de 380 quilos de maconha.
O nome do preso em Goiás não foi divulgado. Um dos presos em Pernambuco foi identificado como Everaldo Faria. Os dois têm algo em comum. Moram em Feira de Santana, que seria o destino final desta quase 1 tonelada de droga apreendida em dois dias.
Aqui neste destino final não se tem notícia de apreensões nem de longe semelhantes a estas.
Texto que publiquei na Tribuna Feirense em 2005. O que mudou desde então foi que a clandestinidade cresceu. O problema maior, a falta de ônibus, não mudou e pelo edital proposto, não mudará
Quando ouvi falar em SIT, antes do sistema começar a funcionar, apressadamente concluí que algum criativo bolara a sigla para que soasse como city, que é a palavra para cidade lá na nossa matriz, os Estados Unidos.
Depois que começou a funcionar, me dei conta da literalidade do SIT, que é sentar, em inglês. Na verdade, SIT é só começo do nome, que completo deve se chamar SIT AND WAIT, ou SENTE E ESPERE. Mas aí é que está a ironia (ou a perversidade) do negócio. Sentar como, se quase a totalidade dos pontos e mesmo os terminais, são desprovidos de assentos para tanta gente que precisa de sit?
Escrevo este texto na Getúlio Vargas, sentado, porque saí depois da hora do rush e fui o segundo num destes raros pontos que têm banco. Já espero há 12 minutos por um ônibus que me leve ao terminal central. Enquanto isso, passaram por mim três vans superlotadas. A única que se deu ao trabalho de parar, compactou mais dois passageiros no bagageiro e partiu (bagageiro sim, porque somente objetos e não pessoas andam desse jeito).
17 minutos de espera. Quem não quer esperar, pega um motoboy, o único transporte eficaz na cidade, em termos de horário. É incontável o número dos que passaram por mim nesses minutos de espera pelo ônibus vermelho. De moto é mais caro, é perigoso, mas chega logo. Por isso não faltam passageiros para motoboys legalizados e informais. Por isso eles andam com um celular e quando deixam um passageiro já têm um cliente cativo esperando. Eu, 22 minutos esperando.
Ouço um colega de espera comentar que veio de outro lugar onde esperou em vão por mais de 40 minutos.
25 minutos. Passa a quarta van superlotada, a terceira que não pára. 16 pessoas se acumulam no ponto, quase todas em pé, que os bancos não foram projetados para tanto tempo de espera. Teriam que ter muitos metros de comprimento. Chega o ônibus. Descubro que sou um sortudo por ter esperado menos de meia hora, pois um senhor morador das imediações informa que o ônibus anterior (e de outra linha), passou há 45 minutos.
20 minutos depois estou no terminal central. Hora de esperar em pé*. Talvez seja uma medida igualitária. Como é muita gente para esperar, não haveria bancos para todos, então que fiquem todos em pé. Dessa vez espero só cinco minutos. Mais alguns minutos e estou no meu destino, uma hora depois de chegar ao ponto. Se viesse de motoboy gastaria uns 15 minutos.
Certo que o transporte é coletivo e não está aí para atender minha conveniência. Mas tem que atender a de todos na medida do possível. Com esse tempo de espera, não atende a de ninguém. Talvez atenda às empresas, já que não se importam de perder tantos passageiros para as ágeis motos.
publicado na Tribuna Feirense em 18/11/05
* nos primeiros meses não havia bancos no transbordo
Diversas iniciativas, exigidas por lei, visando a organização de questões macro da cidade, constantemente cobradas pela oposição, foram anunciadas pelo prefeito José Ronaldo na reabertura dos trabalhos da Câmara municipal na manhã de ontem (19).
Uma delas é a criação do Conselho da Cidade (Concidade). “É uma reivindicação dos movimentos sociais, que recebi em audiência em janeiro e fiz o compromisso de mandar para a Câmara na reabertura dos trabalhos”, relatou Ronaldo.
A prefeitura também vai colocar em funcionamento a Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos Municipais Concedidos, para atuar junto aos setores de água, energia e telefonia. O orgão foi formalmente criado pelo prefeito Tarcízio Pimenta, mas não implantado. Sua recriação envolve mudança na lei original, que não foi detalhada, mas já está na Câmara. Já está escolhido o superintendente, Manoel Cordeiro, que deixa a secretaria de Serviços Públicos hoje. Segundo Ronaldo, há cerca de um semestre Cordeiro vinha trabalhado nos preparativos para regulamentação da agência.
Seguiu também para a apreciação dos vereadores a lei para a Política Municipal de Saneamento Básico, que foi discutida com a Embasa.
Além dos projetos encaminhados, houve outros dois anúncios de importância similar. O Plano Municipal de Mobilidade Urbana (que opositores do BRT queriam que antecedesse a obra viária) e a licitação, a ser lançada no começo de março, para contratação de empresa que elabore “com a sociedade”, diz Ronaldo, um novo Plano Diretor. É outra necessidade que os críticos apontavam como anterior às intervenções drásticas no sistema de transporte.
O trânsito também terá um Conselho Municipal. E os donos de motos de 50 cilindradas (cinquentinhas) poderão respirar aliviados, já que o Executivo enviou à Câmara projeto para regulamentação. “Para que a gente acabe com isso que a gente vê nas praças públicas da cidade, toda hora cinquentinha sendo presa porque diz que não tem isso, não tem aquilo”, registrou o prefeito.
A solicitação de elaboração de projeto por parte do governo para legalizar as cinquentinhas, a propósito, vinha sendo cobrada desde meados do ano passado pelo vereador Edvaldo Lima.
Confirmando os comentários que vêm desde o ano passado, o vereador José Carneiro (PSL) foi indicado como líder do governo José Ronaldo na Câmara. O prefeito agradeceu a contribuição de Carlito do Peixe, que deixa a função. Segundo ele, Carlito disse que “não gostaria de ser líder, gostaria de tratar de assuntos pessoais, da vida dele”. O vereador, soube-se após a saída do prefeito, aceitou ficar, entretanto, como líder do partido (DEM). O vice-líder do governo será Marcos Lima (PRB). Gerusa deixa a função por fazer parte da Mesa Diretora.
Como líder, Zé Carneiro terá que exigir dos colegas atitude que sempre criticou ao longo do mandato, ou seja, a obediência aos comandos que emanam do Executivo. Ele, que gostava de dizer que não era vaquinha de presépio, terá agora que pastorear o rebanho. Enfim, o prefeito deu ao rebelde Romário a faixa de capitão.
Zé Carneiro era terceiro vice-presidente da Câmara mas não pode acumular as funções. Para seu lugar foi eleito Isaías de Diogo, que venceu uma rápida eleição contra o oposicionista Pablo Roberto.