Na coletiva em que anunciou para o dia 17 de março a licitação para o início das obras do BRT em Feira de Santana, o prefeito José Ronaldo foi às lágrimas, ao agradecer o trabalho do secretário Carlos Brito em favor do projeto. Teve que interromper o discurso, pedindo água para se recompor. Além da gratidão, as lágrimas mostraram o quanto o projeto é importante para este terceiro mandato.
Antes de começar, a obra está atrasada. O plano era começar no ano passado, de maneira a apresentá-la ao eleitor já em funcionamento, quando do pleito de 2016.
Agora o cronograma ficou apertado e é quase impossível cumprir esta meta (inicialmente foram anunciados 18 meses de obra, mas a previsão agora é de 20 meses). Mesmo assim o trânsito já vai melhorar muito quando ficarem prontas as trincheiras que vão eliminar cruzamentos na Maria Quitéria com Getúlio Vargas e João Durval com Presidente Dutra. Enquanto a obra estiver em execução os donos de carro vão xingar bastante. Depois de prontas, é previsível que a classe média faça as pazes com o prefeito. Quanto aos usuários de ônibus, não sei não.
O protesto na rua não deu certo, por falta de adesão, e o Levante Popular da Juventude, um movimento estudantil de esquerda, resolveu colar cartazes e prender faixas pela cidade, com ataques ao prefeito José Ronaldo e ao aumento da passagem, de R$ 2,35 para R$ 2,70. Cartazes e faixas talvez alcancem mais visibilidade que o protesto na rua.
Saiu esta semana a publicação oficial do Ministério Público estadual, assinada pelo promotor Tiago Quadros, a decisão de prrogar por um ano o prazo para apuração da suposta contratação irregular pela prefeitura, sob José Ronaldo, do aposentado Contantino Portugal dos Santos.
A servidora municipal Graça Pimenta, que foi por quatro anos deputada estadual, foi liberada pelo governo para “exercer função comissionada” na Assembleia Legislativa. Não foi divulgada a função que terá a ex-deputada no Legislativo estadual.
Havendo ou não razões políticas para o adiamento, a estratégia de postergar decisões rende ao protagonista uma prolongada exposição midiática.
José Ronaldo é mestre nesta prática. Cada vez que jogava para a frente uma definição sobre se seria candidato a prefeito, por exemplo, era mais uma(s) entrevista(s) agendada(s). A definição do candidato à sua sucessão - escolha que recaiu sobre Tarcízio Pimenta em 2008 - rendeu incontáveis aparições e serviu como propaganda antecipada legal do grupo no poder.
O mesmo se dá hoje com Carlos Geilson em relação a ir para o lado do PT ou ficar com Ronaldo e DEM. Por mais que todos os indicativos apontem para sua permanência (e o fator surpresa já não exista), a promessa de uma definição ainda por vir serve bem para manter seu nome comentado no dia a dia.