O já antológico personagem Frank Underwood, presidente dos Estados Unidos no seriado House Of Cards, afirmou logo no primeiro episódio, ainda como congressista, no início do plano para tomar o poder: “Dinheiro é mansão no bairro errado, que começa a desmoronar após dez anos. Poder é o velho edifício de pedra, que se mantém de pé por séculos. Não respeito quem não sabe distinguir os dois”.
Falava de um rico que se pensava poderoso. Falava de Marcelo Odebrecht, que descobriu agora ser um bobo da corte, um otário. Falava de Marcos Valério, que acumula condenações após o mensalão, e come cadeia até hoje, enquanto José Dirceu, Roberto Jefferson, João Paulo Cunha e até Delúbio Soares tiveram a pena perdoada (se o ex-tesoureiro do PT voltou à cadeia é porque não se conteve e foi se lambuzar também no petrolão).
Parece ridículo Odebrecht querer se colocar agora no papel de vítima. Não é vítima, porque a corrupção foi sempre um modus operandi da empreiteira aqui e no exterior. Claro que a empresa se beneficiou ao extremo de relações ilegais com donos do poder. Mas é verdade que quando a coisa desanda, prevalece o ditado popular: a corda arrebenta do lado mais fraco.