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Após reunião com famílias, no Rio de Janeiro, ministra dos Direitos Humanos promete perícia independente

30 de Outubro de 2025 | 17h 30
Após reunião com famílias, no Rio de Janeiro, ministra dos Direitos Humanos promete perícia independente
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, chamou a operação deflagrada, na última terça-feira (28), nos complexos da Penha e do Alemão, pelas polícias Civil e Militar do estado do Rio de Janeiro, de “fracasso”. O incidente deixou um saldo de 121 mortos, sendo quatro agentes de Segurança Pública e 117 civis. A gestora prometeu uma perícia independente, com a finalidade de averiguar as circunstâncias dos assassinatos na ação.

A fala de Macaé Evaristo vai de encontro à declaração do governador Cláudio Castro (PL) que, nesta quarta-feira (29), classificou a denominada Operação Contenção como um "sucesso". "A gente teve uma demanda da comunidade de estabelecer a perícia independente e autônoma. Nosso Conselho Nacional de Direitos Humanos já nos comunicou sobre isso e estamos trabalhando para que isso se efetive", disse a ministra à imprensa, após encontro de mais de duas horas com lideranças da comunidade e familiares das vitimas da ação policial.

Segundo a comunidade, pessoas que não tinham qualquer ligação com o tráfico foram assassinadas, muitas com sinais de tortura. A população também denunciou que cerca de 80 corpos foram abandonados, pelos policiais, em uma área de mata. Moradores fizeram a remoção e enfileiraram os mortos na principal praça da região.

A ação, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro (SSP-RJ), visava combater o tráfico de drogas e frear a expansão da facção Comando Vermelho (CV). Além dos mortos, mais de 80 pessoas foram presas. A polícia apreendeu 118 armas e drogas.

No entanto, em função do índice de letalidade, a operação vem sendo amplamente criticada por especialistas em Segurança Pública e pela sociedade civil. Macaé Evaristo está entre as autoridades que condenam a ação determinada pelo Governo do Rio.

Para ela, o que aconteceu foi abominável e "um horror", também por expor pessoas inocentes ao risco de morte.  "Essa operação foi um fracasso. É inadmissível uma operação para o combate ao crime organizado, que é o que nós defendemos, não usar inteligência para garantir a sua efetividade", afirmou .

A ministra disse, ainda, que "ninguém tem objetivo de matar as pessoas, se a gente quer combater o crime, temos que começar chegando onde está o dinheiro. Porque se tem crime organizado, tem setores que estão lucrando com esse crime organizado", ponderou.

No encontro, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, acrescentou que "nenhum corpo tombado" deve ser aceitável, reforçando a crítica à letalidade da operação.

Ao lado de parlamentares federais e estaduais, as ministras participaram do encontro com a comunidade na sede da Central Única de Favelas (Cufa), a poucos metros de onde a comunidade de Vila Cruzeiro expôs, no dia de ontem, cerca de 80 corpos retirados da mata por moradores.

Os representantes do Poder Público também receberam demandas por atendimento psicossocial, serviços públicos, além de alternativas de trabalho para a juventude local.

Macaé prometeu uma comissão emergencial, integrada por vários ministérios, para atender às reivindicações. "A comunidade, além de apresentar toda a dor desse processo, trouxe um olhar, um pedido de paz, mas ela também quer ter direitos, direito à educação, saúde, assistência e, especialmente, direito a um trabalho decente para a juventude", enfatizou.

A comissão deve ser integrada pelos ministérios da Saúde, Educação, Assistencial Social, Igualdade Racial e Mulheres.

 

 

 

 

*Com informações da Agência Brasil.



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