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  • Feira de Santana, sexta, 26 de dezembro de 2025

César Oliveira

O escândalo Master e a podridão do sistema

26 de Dezembro de 2025 | 09h 23
O escândalo Master e a podridão do sistema
Daniel Vorcaro o presidente do podre Banco Master

O escândalo do Master não se limita à podridão de Daniel Vorcaro, um desses sujeitos inescrupulosos que vicejam nas franjas do poder, junto com seu sócio na Bahia — onde, aliás, o caso começou com o Credcesta e a amizade com políticos baianos. A sua técnica pode ser resumida em desviar e comprar proteção política e judiciária.

Com a quebra e a rápida prisão de Vorcaro, todo um sistema começou a ser exposto. Corretoras que indicaram títulos podres do Master embolsaram lucros e terceirizaram prejuízos. "Quem investiu mais de R$ 250 mil não poderá apelar ao Fundo Garantidor de Créditos para reaver o dinheiro".

Os políticos da bancada de Vorcaro também sumiram, em especial o sempre enrolado senador Ciro Nogueira. Os governadores Cláudio Castro e Ibaneis Rocha não explicaram por que a Rioprevidência e o BRB investiram dinheiro no banco apodrecido. Aliás, o BRB pretendia comprar o Master, um negócio que enriqueceria muita gente. O governador Ibaneis Rocha, em seu segundo mandato e desconsiderando os eleitores, precisa explicar essa escolha.

Na semana passada, estranhamente, o ministro Jhonatan de Jesus, do Tribunal de Contas da União, surpreendeu ao questionar a liquidação do Master, tentando envolver o Banco Central como suspeito na história.

Agora, o vespeiro começou a pairar sobre o Supremo Tribunal Federal. O colunista Lauro Jardim revelou que o ministro Dias Toffoli viajou de jatinho com o advogado de um diretor do banco antes de decretar sigilo total sobre as investigações — mas, graças a Deus, ele disse que falaram apenas sobre o Palmeiras, apesar de suas ortodoxas medidas nesse caso.

Depois, a colunista Malu Gaspar informou que o Master fechou um contrato de R$ 3,6 milhões mensais com o escritório de Viviane Barci de Moraes, esposa de Alexandre de Moraes, totalizando R$ 120.000.000. Esse contrato é muito acima do padrão de qualquer banca, especialmente com uma advogada de currículo escasso. O contrato foi mostrado, mas há torcedores apaixonados que o negam, apesar de nem mesmo os contratados o fazerem. É incrível a dissonância cognitiva que alguns vivenciam. Malu noticiou, ainda, que o ministro teria tratado do Master com o presidente do BC, Gabriel Galípolo.

Os dois confirmaram as reuniões, mas afirmaram que apenas debateram a Lei Magnitsky, apesar das incoerências que já surgiram.

Um ministro do STF não deveria se reunir com o presidente do BC quando sua esposa tem um contrato com um banco podre, sob intervençaõ do BC,  um contrato, aliás, “como nunca antes na história deste país”. O bom senador Alexandre Vieira (SE) disse que vai coletar assinaturas para uma CPI sobre o Master e, por isso — assim como Malu — já está sendo atacado. Uma podridão que envolveu tanta gente poderosa não costuma cair facilmente. Como ensinava Tomasi di Lampedusa em "O Leopardo", talvez o “sistema” sacrifique uma peça ou outra para que políticos, banqueiros, advogados e ministros do STF sigam em frente, fingindo que algo mudou para que tudo continue como antes.



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