Além de ter depósitos e aplicações congeladas, os investidores do Banco Master, cuja liquidação foi decretada pelo Banco Central (BC) nesta terça-feira (18), têm de se preocupar com uma onda de golpes destinados a quem aguarda o ressarcimento do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Anúncios em redes sociais e em
aplicativos prometem “liquidez imediata” ou “antecipação” do pagamento da
garantia, explorando a ansiedade de quem tinha Certificados de Depósito
Bancário (CDB) emitidos pela instituição e, agora, está impedido de movimentar
os recursos.
Por causa disso, a FGC,
entidade privada que garante o ressarcimento de investimentos e
depósitos em até R$ 250 mil por pessoa, na instituição financeira, tem reforçado que não autoriza
intermediários, não cobra taxas e não oferece qualquer mecanismo para agilizar
pagamentos, alertando que qualquer promessa de antecipação deve ser encarada
como golpe.
Gerente de Engenharia de Segurança da Check Point Software
Brasil, Fernando Falchi afirma que a garantia
do FGC é automática, e qualquer oferta de crédito vinculada ao pagamento
representa um sinal de alerta de fraude.
Ele ressalta, ainda, que qualquer comunicação só pode ser
feita por meio do aplicativo do FGC, que é o canal oficial de ressarcimento. “O
cibercriminoso sempre usa a pressa como arma. A verificação, feita no canal
oficial, é o melhor antídoto para golpes digitais”, adverte.
Riscos – No vácuo de informações e diante da
ausência de prazo exato para o início dos pagamentos, surgiram ofertas
fraudulentas que afirmam ser capazes de antecipar o valor garantido. Muitas delas se apresentam como empresas
especializadas, advogados ou consultores financeiros.
As fraudes em nome do FGC são divididas em dois tipos: roubo
de dados e crédito abusivo. Os golpes mais comuns são:
1. Phishing e roubo de informações: golpes
que visam capturar dados pessoais e bancários por meio de páginas falsas que imitam o site ou o
app do FGC; links maliciosos enviados
por WhatsApp ou redes sociais; atendentes falsos, que pedem códigos e senhas; e
aplicativos fraudulentos, que instalam malware.
Nesses casos, um clique errado
permite aos fraudadores capturar credenciais, tomarem contas bancárias ou
instalarem malware (tipo de programa
invasor) capaz de monitorar celulares e computadores em tempo real, inclusive
senhas.
2. Empréstimos
predatórios: outra
prática detectada é a oferta de supostos “adiantamentos”, que, na realidade,
escondem operações de crédito com juros altíssimos. O investidor, acreditando
estar antecipando o pagamento do FGC, acaba contratando um empréstimo que pode
consumir boa parte do valor a receber.
Pressão sobre investidores – O Banco Master, conhecido pela oferta
de CDBs com rendimento de até 140% do CDI (Certificado de Depósito
Interbancário, com taxa um pouco inferior aos juros básicos da economia), foi
liquidado após meses de dificuldades.
Fundado por Daniel Vorcaro, o banco acumulava carteira de crédito
considerada de alto risco. A liquidação
resultou, ainda, na prisão de executivos, no âmbito de uma operação da Polícia
Federal (PF), que investiga a venda da instituição ao Banco de Brasília (BRB).
Com o encerramento das atividades, investidores com
aplicações de até R$ 250 mil passaram a depender, exclusivamente, do FGC para
reaver o dinheiro. O processo, porém, não é imediato e exige etapas formais, o
que abriu espaço para tentativas de fraude.
O procedimento correto, segundo o
FGC, envolve os seguintes passos:
- Cadastro inicial no aplicativo do FGC, único canal de
atendimento;
- Aguardar a lista de credores, enviada pelo Banco Central, o
que leva em média 30 dias;
- Habilitação do pedido de ressarcimento no aplicativo,
quando o FGC liberar essa etapa;
- Finalização com biometria, envio de documento e assinatura
digital;
- Pagamento, realizado em até dois dias úteis após a
conclusão do pedido;
- Nenhuma outra forma de solicitar, acelerar ou intermediar o
pagamento é reconhecida pelo FGC.
Como
evitar golpes – As principais
orientações para não cair em fraudes são as seguintes:
- Usar somente o app e o site oficial do FGC e informações do
Banco Central;
- Nunca fornecer dados pessoais ou códigos a terceiros;
- Desconfiar de qualquer promessa de facilitação: a garantia
do FGC é automática;
- Verificar URLs e evitar baixar apps por links enviados;
- Ativar autenticação em dois fatores e manter antivírus
atualizado;
- Confirmar informações antes de agir, especialmente diante
de mensagens que criem sensação de urgência.
*Com informações da
Agência Brasil.