Banco Central do Brasil (BCB) decidiu implementar, a partir desta sexta-feira (5), medidas para proteger o Sistema Financeiro Nacional (SFN), após operações policiais contra a lavagem de dinheiro do crime organizado por meio de fintechs. Dentre as medidas adotadas está a limitação, em R$ 15 mil, para transferências via Pix e TED feitas por alguns tipos instituições.
A restrição entra em vigor em caráter imediato e atinge
instituições de pagamento não autorizadas pelo BC e empresas que se conectam à
Rede do Sistema Financeiro Nacional via Prestadores de Serviços de Tecnologia
da Informação (PSTI).
Essas firmas funcionam de forma provisória, enquanto aguardam
a autorização. A partir de agora,
contudo, novas empresas que queiram entrar nesse mercado não poderão operar
antes que obtenham autorização do Banco Central. Além disso, foi
antecipado, de dezembro de 2029 para maio de 2025, o prazo para que as
instituições de pagamento solicitem autorização para funcionamento.
De acordo com o BC, há 75
instituições de pagamentos que ainda não fizeram o pedido de autorização,
enquanto outras 40 empresas deram entrada no processo e aguardam autorização
para operar. “Nenhuma
instituição de pagamento poderá começar a operar sem prévia autorização”, alertou
autoridade monetária.
Caso tenha a licença negada, a instituição de pagamento deverá
encerrar suas atividades em um prazo de 30 dias. “O BC poderá requerer
certificação técnica ou avaliação emitida por empresa qualificada independente
que ateste o cumprimento dos requisitos autorizativos”, explicou o órgão.
O Banco Central também decidiu excluir o acesso de
cooperativas. Estas não podem mais figurar como responsáveis pelo Pix de instituições
de pagamento. Elas terão 120 dias para adequar seus contratos.
Além disso, o BC resolveu impor um capital social mínimo de
R$ 15 milhões para que Prestadores de Serviços de Tecnologia da Informação
(PSTI) possam obter permissão para acessar a Rede do Sistema Financeiro
Nacional, por meio da qual são realizadas transações bancárias.
Inclusão financeira – Gabriel Galípolo, presidente do Banco
Central, ressaltou, ao apresentar as medidas, que o órgão não busca demonizar
as instituições de pagamento e as fintechs em geral, responsáveis por
levar serviços financeiros a uma grande faixa da população antes excluída do SFN.
“Tanto os bancos chamados de incumbentes, os antigos, como os novos que
entraram no mercado foram responsáveis por uma inclusão fantástica, do ponto de
vista do Sistema Financeiro, com facilitação de serviços para a população”, observou.
O gestor destacou que a
norma com as exigências completas para que PSTI possam se cadastrar junto ao
Banco Central deve ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) ainda hoje,
com novas e extensas exigências de segurança.
Galípolo insistiu que o BC não busca discriminar nenhum tipo
de empresa, mas implementar regras que possam permitir um melhor funcionamento
de todas as instituições necessárias à adequada operação do sistema financeiro.
“Acho que a questão reside muito mais no processo de governança e de relação
entre instituições”, frisou.
Entenda – Na semana passada, a Polícia Federal
(PF) deflagrou três operações contra a lavagem de dinheiro pelo crime
organizado: a Carbono Oculto, a Quasar e a Tank. Segundo a corporação,
as investigações alcançam mais de R$ 50 bilhões em movimentações financeiras
suspeitas.
Em novembro de 2024, a PF também deflagrou uma operação,
tendo como alvo um “complexo sistema bancário paralelo e ilegal”, que teria
movimentado dinheiro no Brasil e em países como Estados Unidos, Canadá, Panamá,
Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália,
Turquia, Dubai e, especialmente, Hong Kong e China, “para onde se destinava a
maior parte dos recursos de origem ilícita”.
*Com informações da
Agência Brasil.