De volta ao Brasil, após viagem à Ásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou, na manhã desta quarta-feira (29), uma reunião com ministros, a fim de entender a situação e tomar providências em relação à Segurança Pública no estado do Rio de Janeiro.
O encontro foi solicitado após a megaoperação deflagrada,
nesta terça-feira (28), pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, com o
aval do governador do estado, Cláudio Castro (União Brasil), nos complexos do
Alemão e da Penha, na zona norte da capital fluminense.
Interlocutores do Governo Federal avaliam a necessidade de
uma intervenção no Rio de Janeiro. Cogita-se a instauração de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), dispositivo
excepcional e temporário para o controle de uma pontual crise na Segurança Pública.
A Operação Contenção,
como foi batizada pelas autoridades locais, deixou um saldo de 119 mortos. A
Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DP-RJ), no entanto, fala em 132
óbitos. Esta foi a mais letal ação policial ocorrida no estado, nos últimos 15
anos.
Na manhã desta quarta-feira (29), moradores das duas
comunidades retiraram mais de 70 corpos de dentro de áreas de mata e os enfileiraram
na Praça São Lucas, um dos pontos mais movimentados da região.
Lula encontra-se reunido com membros de seu governo no Palácio
da Alvorada, em Brasília, capital federal. Estão presentes os ministros Rui
Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Macaé Evaristo
(Direitos Humanos) e Ricardo Lewandowski (Justiça), além do Secretário de
Comunicação Sidônio Palmeira e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, Geraldo Alckmin (PSDB), que deu
início, ontem, ao diagnóstico sobre o incidente, enquanto Lula retornava ao
Brasil.
Na noite passada, Alckmin esteve na Base Aérea de Brasília,
com o intuito de repassar ao presidente as primeiras informações sobre a Operação Contenção e seus desdobramentos
políticos.
Segundo o Governo Federal, o chefe do Executivo do Rio de
Janeiro, governador Cláudio Castro, não teria avisado sobre a megaoperação
policial, mas, ainda assim, chegou a reclamar de não ter tido apoio do governo
central para o uso de veículos blindados.
Inicialmente, Castro tentou transferir a responsabilidade do
caos na Segurança Pública estadual para o Governo Federal, mas declinou da
acusação, após conversa com a ministra Gleisi Hoffmann. O governador teria dito
que não teve essa intenção e que suas falas teriam sido mal interpretadas.
O Governo Federal discute a possibilidade de diálogo com
Castro para uma ação conjunta. Isto porque a implantação da GLO depende, também,
de uma solicitação do governador.
A politização do assunto, entretanto, dá sinais de
polarização e deve vir à tona durante as eleições do ano que vem.
Na manhã de hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que
deve se candidatar ao governo de São Paulo em 2026, opinou sobre o incidente,
acusando Cláudio Castro de não colaborar com o combate ao contrabando de
combustíveis, que, na visão do gestor, está na base do financiamento das
organizações criminosas. “Nós, da Fazenda, estamos atuando forte, no Rio
de Janeiro, contra o crime organizado. Na minha opinião, da maneira mais
eficaz, que é na questão dos combustíveis. Eu penso que o governador deveria nos
ajudar em relação a isso. O Governo do Rio não tem feito praticamente nada em
relação ao contrabando de combustível, que é como se irriga o crime
organizado”, apontou.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos-SP), possível candidato à Presidência da República, deve exonerar
o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite
(PP), para que ele, temporariamente, o mandato na Câmara dos Deputados, para
relatar, ainda em novembro, o projeto que equipara organizações criminosas a
terroristas.
A proposta, que teve sua urgência aprovada em maio, é de
autoria do deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) e estende a aplicação da lei
antiterrorismo a organizações criminosas e milícias privadas. Esta é aposta dos
deputados de direita para tratar do a questão, em contraposição à Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que é a aposta do Governo Federal.
No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro também convocou
uma reunião de urgência com a alta cúpula da Segurança Pública, com o intuito
de avaliar a operação deflagrada pelas polícias Civil e Militar.
*Com informações de O Estado de Minas.