O crime organizado mantém cerca de 30% da população brasileira sob controle, submetida a ameaças, exploração e subjugação. Trata-se de uma parcela que já não vive plenamente sob a soberania do Estado brasileiro — expressão tão em voga ultimamente —, mas sob uma lógica paralela. As organizações criminosas infiltraram-se em diversos setores da economia, como empresas de ônibus, postos de combustíveis, pizzarias, lojas de chocolate e ferros-velhos, para lavar dinheiro em larga escala. Ao mesmo tempo, ampliaram sua influência na política, na polícia e até no Judiciário, aprofundando suas conexões com a sociedade.
Na Bahia — que há mais de uma década figura entre os estados
mais violentos do Brasil —, a situação também é crítica. A PM baiana, intensificou
suas ações e tornou-se a corporação que mais mata no país. A expansão das
facções no estado está diretamente relacionada à omissão histórica do poder
público estadual, sob gestão do PT há quase 20 anos. Mesmo que as operações
policiais recentes sejam necessárias e positivas, os resultados deverão
aparecer apenas no longo prazo. Para surtir efeito, a ação precisa ser
contínua, abrangente e articulada em todo o território baiano.
No plano federal, o Ministério da Justiça tem sido
considerado inoperante diante do desafio. Pouco foi feito para conter o tráfico
de armas nas fronteiras ou para organizar uma força-tarefa capaz de estrangular
financeiramente as facções. Sem uma estratégia clara e uma liderança
comprometida com o enfrentamento do crime organizado, o esforço policial tende
a ser limitado — embora a ampliação das operações da PM represente um avanço
relevante.