Ao decretar a prisão de Jair Bolsonaro (PL), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o ex-presidente tivesse acompanhamento médico 24 horas por dia.
O político, que foi condenado a 27 anos e três meses de prisão,
por tentativa de golpe e outros quatro crimes contra o Estado Democrático de
Direito, foi detido na manhã deste sábado (22) e encontra-se custodiado na Superintendência
da Polícia Federal, em Brasília.
O magistrado especificou, no mandado de prisão preventiva que
expediu contra Bolsonaro, que médicos fiquem em tempo integral e atuem em esquema
de plantão, permanecendo à disposição do ex-presidente.
Isto porque, nos últimos dias, aliados de Bolsonaro vinham apontando
a saúde dele como impeditivo para a prisão em regime fechado, alegando que o
ex-presidente estava em franca piora de seu quadro clínico, supostamente apresentando
“crises de soluço”, “vômitos” e “refluxos”.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente,
chegou a pedir uma vigília pela saúde do pai, em frente ao condomínio onde ele morava
e cumpria prisão domiciliar, no Jardim Botânico, em Brasília (DF).
O parlamentar convocou a manifestação para a manhã hoje. A
Polícia Federal, no entanto, chegou antes, por volta das 6h da manhã, e efetuou
a prisão preventiva do réu, sob alegação de que o mesmo violou a tornozeleira
eletrônica que usava desde agosto, quando teve sua prisão domiciliar decretada,
no âmbito de outro processo, durante a madrugada.
Por causa desse fato, o ministro Alexandre de Moraes,
vislumbrando uma iminente possibilidade de fuga durante o ato convocado pelo
filho do ex-presidente, decidiu pela prisão de Bolsonaro.
De caráter preventivo, a prisão ainda não configura o
cumprimento da pena imposta pelo STF em função da trama golpista. Trata-se de
uma detenção por descumprimento de medidas cautelares.
Condenação
– Bolsonaro foi
condenado no último dia 11 de setembro, quando os ministros da Primeira Turma
do STF, por 4 votos a 1, consideraram que ele chefiou uma organização criminosa
armada, que tentou abolir violentamente o Estado Democrático de Direito, pondo
em prática um plano de golpe de Estado e causando danos ao patrimônio da União.
Além da sentença condenatória, o colegiado também tornou
Bolsonaro inelegível. O ex-presidente já estava inelegível desde junho de 2023,
por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de
poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
A punição anterior já o impedia de disputar eleições até
2030. Com a nova condenação no STF, o prazo de inelegibilidade de Bolsonaro foi
ampliado, de modo que ele só poderia voltar a disputar eleições em 2060, já que
a restrição passaria a valer após o término da pena. Na prática, o
ex-presidente ficará afastado de corridas eleitorais por mais de 30 anos.