Em seu discurso na Câmara, Ronaldo citou o governador Wagner, o ex-presidente da Caixa, Jorge Hereda e o ex-ministro das Cidades, Gilberto Occhi. Tudo para dizer que todos elogiaram sua atuação como prefeito, sua parceria e sua preocupação em levar serviços públicos para os arredores dos condomínios do programa federal Minha Casa Minha Vida.
Nem tudo foi festa na reabertura do Legislativo. Os agentes comunitários de Saúde apareceram exibindo faixas cobrando o piso salarial nacional de R$ 1.014, que o governo municipal não paga.
Por mais abusiva que possa parecer a ideia de pagar mais caro pela passagem de ônibus quando se paga em dinheiro, ela tem precedente. E não fica na Bahia não, Otávio Mangabeira. Em São José dos Pinhais, no Paraná, pagava-se em setembro do ano passado R$ 2,70 com o cartão eletrônico e R$ 3,10, se a viagem de ônibus fosse paga em dinheiro.
São José dos Pinhais está sob jurisdição da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). O diretor de transportes da Comec é André Fialho. Sim, o mesmo que dá consultoria à prefeitura de Feira de Santana.
É fato notório que o governo municipal é pouco afeito ao debate. Discussões sobre o BRT e shopping popular só ocorreram mediante pressão. O governo não se empenha para que pessoas e entidades se envolvam. Por outro lado, no pouco que se oferece de discussão, a participação é pífia. A comunidade, de modo geral, não está nem aí. As duas audiências públicas sobre o BRT foram marcadas pela participação ostensiva de duas torcidas organizadas, contra e a favor do governo. Ou seja, a prefeitura mandou para ocupar cadeiras um batalhão de secretários e ocupantes de cargos de confiança. Do lado contra, predominava militância petista, com participação significativa também do Psol. Nada contra. Todos tinham direito e legitimidade para estar ali. Mas só estes? Ninguém mais se interessa? A cidade não tem pessoas e organizações de classe, de bairro, profissionais, que se preocupem com suas escolhas, com seu rumo e seu destino?
Já na terceira audiência pública, para tratar da licitação do transporte coletivo, assunto menos midiático, pouca gente foi. Entretanto, o tema era muito mais importante, porque o BRT é apenas um pedaço de um sistema maior, que causa sofrimento e gera reclamações de grande parte da comunidade.
Portanto, a escassa participação popular em discussões e decisões que afetam a todos, pode até ser um desejo do governo. Mas é sobretudo uma opção da sociedade, que se omite.