O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2013 até o mês passado, anunciou, nesta quinta-feira (9), sua aposentadoria, 12 anos após ser empossado no cargo, pela então presidente da República, Dilma Rousseff (PT).
O magistrado comunicou sua decisão ao final de uma sessão
plenária do STF, ocasião em que fez um discurso de despedida emocionado. Barroso
tem 67 anos e poderia permanecer no posto até os 75 anos, quando sairia na
compulsória, mas decidiu antecipar a jubilação.
Com a voz visivelmente embargada, ele expressou que a vida
lhe proporcionou a bênção de servir ao seu país e que, embora tenha enfrentado
dificuldades pessoais ao longo de sua carreira, não se furtou a dar o melhor de
si.
O ministro salientou que havia se
preparado para este momento. E brincou, enquanto tomava água. “É hora de seguir
outros rumos”, disse, em tom leve e emocionado, destacando que não tem apego ao poder.
A saída do magistrado movimenta os bastidores do Governo Federal
e do Poder Judiciário. Sua decisão já havia sido, segundo ele, comunicada ao
atual presidente do STF, Edson Fachin, e a ministros do Superior Tribunal de Justiça
(STJ).
Ao longo de sua trajetória, Luís Roberto Barroso atuou em casos de grande repercussão, como
relator. É o caso da ação de suspensão de despejos durante a pandemia; da
instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19; da restrição
do foro privilegiado; e da execução imediata da pena de condenados pelo júri.
BIOGRAFIA – Natural do município de Vassouras, no Rio de Janeiro (RJ), o ministro cursou Direito na
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), mesma instituição em que obteve o título de doutor em
Direito Público e onde é professor titular de Direito Constitucional.
Além disso, fez mestrado na Universidade de Yale, no Estados
Unidos (EUA), e pós-doutorado na Universidade de Harvard, no mesmo país. Trabalhou,
ainda, como professor visitante nas universidades de Poitiers (França), Breslávia
(Polônia) e Brasília (UnB).
Barroso, que fez carreira na advocacia, também já foi
procurador do Estado do Rio de Janeiro. Como advogado, atuou em casos
importantes no STF, como a liberação de pesquisas com células-tronco
embrionárias; a proibição do nepotismo no Poder Judiciário; a defesa do
reconhecimento das uniões homoafetivas; e o direito de a gestante interromper a
gravidez, em caso de feto anencéfalo, isto é, sem massa e calota cerebrais.
Na área acadêmica, ele é autor de diversos livros sobre Direito Constitucional e de inúmeros artigos publicados em revistas especializadas, tanto no Brasil quanto no exterior.