Uma ação da secretaria de Meio Ambiente pegou de surpresa na madrugada desta terça-feira pessoas que tinham construído casas dentro de área pertencente à lagoa do Pindoba, aquela dos fundos da Uefs. Um trator demoliu aproximadamente 20 casas sem aviso prévio. As casas tinham gente dentro, dormindo, naturalmente, devido ao horário.
Quando amanheceu os moradores e vizinhos fizeram um protesto fechando a Transnordestina, devido à forma de execução da demolição, sem que as pessoas tivessem a oportunidade de esvaziar e deixar as casas.
O secretário Sérgio Carneiro justificou à TV Subaé, que registrou o caso, que quem estava ali sabia que se tratava de invasão e que nesta condição não havia obrigação de comunicar antes.
Obrigação legal pode não haver. Respeito à dignidade das pessoas e à condição em que vivem, deve haver sim. “Ah – dirão – se avisasse logo se formaria um cordão humano que impediria a ação. Logo algum demagogo botaria um trampolim político na lagoa sem água, para barrar a saída dos invasores”.
Talvez. Muito provável, até.
Bom seria encontrar o meio termo, que permitisse a desocupação sem agressão a quem foi morar naquela depressão do relevo que um dia foi lagoa, já na periferia da cidade.
Mas está feito e não seremos nós, que sempre lamentamos o descaso dos dirigentes municipais com os cursos d’água naturais da cidade, que vamos fazer do caso um cavalo de batalha.
Porém, é preciso ressaltar que, quando as pessoas ocupam áreas que não poderiam ocupar, fazem isso porque contam com a omissão do governo. Se não contassem com os olhos vendados do poder público não iriam se arriscar a ter sua residência demolida. Invasões ocorrem também porque estas áreas de proteção ambiental são de proteção só no papel. O permanente abandono – as áreas não são nem demarcadas – é um poderoso incentivo aos invasores.
Isso vai mudar a partir de agora? A secretaria de Meio Ambiente terá além desta medida de força adotada ontem, iniciativas positivas de restauração e preservação? Porque se não tiver, novas invasões virão, dos mesmos ou de novos.
É manchete desta quarta-feira do jornal Correio que a a prefeitura de Salvador está liberando desde hoje o uso de aplicativos de celular no transporte de passageiros, flexibilizando preços e permitindo que em uma corrida se possa levar até três clientes para destinos diferentes.
A decisão deve se refletir em mais alguma pressão sobre a prefeitura de Feira de Santana para liberar o táxi-lotação, antiga demanda da categoria dos taxistas. Estes vivem uma condição francamente desfavorável. Não podem fazer lotação porque isso representaria uma concorrência aos ônibus. Mas são igualmente afetados pela concorrência ilegal dos ligeirinhos, que como clandestinos não devem obediência a regra alguma.
Aparentemente a força política das empresas de ônibus na capital não é a mesma que têm em Feira. Entretanto alternativas para melhorar o serviço ao cidadão precisam ser consideradas, já que empresários e governo municipal não conseguiram oferecer por meio do ônibus algo digno e compatível com o alto preço que se paga pela passagem.
O governador Rui Costa tem a peculiaridade (virtuosa) de ser mais franco em suas respostas do que o grosso de seus colegas políticos.
Assim foi agora quando disse que não tem demanda para o Centro de Convenções em Feira e que vai cuidar do de Salvador (e mesmo lá, o governo não está dando conta de resolver o problema).
Ou seja, se alguma outra solução não for providenciada o triste esqueleto que já consumiu boa quantidade de dinheiro e tempo de propaganda de promessas políticas de Jaques Wagner e Zé Neto continuará como está, pois é evidente que Rui Costa não colocará um centavo ali.
No que não se pode condená-lo. Sempre digo que o governo do estado tem débito com Feira de Santana. Mas colocar dinheiro numa fantasia não ajudará em nada a reduzir este déficit.
Falta Rui Costa aplicar a mesma sinceridade ao aeroporto de Feira de Santana, lenda que ele ajudou a criar, pilotando avião no simulador da Azul e participando do voo inaugural da rota Feira-Campinas, que durou só quatro meses. Tanto ou mais inviável do que o Centro de Convenções, o aeroporto, que nas reiteradas promessas governistas teria até voos noturnos, é concedido à UTC, da Lava Jato, e não consegue sequer ter uma pista que garanta a descida da aeronave em seu voo único semanal.
O governador chama o Secretário de Relações:
- Precisamos agradar o senador. Fale com ele para indicar um nome pra Comer (Companhia Meritocrática do Reino).
- Por quê?
- Porque se a gente não colocar o pessoal dele onde ele quer, ele passa pro lado do Gigante que quer tomar nosso reino. O Gigante já é forte, imagina se o senador ficar do lado dele?
- Tudo bem, governador. Já tenho um nome aqui. Aval.
- Tem o aval do senador?
- Tem, tem aval sim. Aval é o nome dele, inclusive. O senador me passou dizendo que era mesmo pra Comer. Conhece esse cara, governador?
- Conheço não. Deixa eu ver a cara dele. Hum. Tá, tá bom.
- Não é melhor saber direito quem é?
- Não. Se não prestasse o senador não tinha indicado.
- Mas será que ele entende dessa área? É a Comer que faz as obras da Secretaria de Grandes Coisas.
- Pois é. O secretário de Grandes Coisas foi o senador que indicou também. Ele deve conhecer esse aí que vai pra Comer.
- Então vamos perguntar pra ele.
- Não dá tempo. O decreto vai ser publicado amanhã.
No dia seguinte o governador enfim sabia quem era o homem que tinha escolhido para comandar a Comer.
- Maldita hora que lhe aceitei. Como é que você sai por aí escrevendo que quer a prisão do nosso chefe? Não posso lhe nomear mais não.
- Mas o senhor já nomeou – rebate o ex-futuro presidente da Comer.
- Eu desnomeio, Aval.
- Mas governador, aquelas coisas que eu escrevi era da boca pra fora. Se eu não gostasse de vocês não aceitava o cargo.
- Pode dizer que não aceitou. Eu deixo. Suma.
Conformado, Aval vai embora.
Entra o Secretário de Relações.
- Já escolheu o substituto, governador?
- Não. Tem alguma outra ideia?
- Tenho uma lista aqui com cinco nomes.
- Ótimo. Vamos fazer um sorteio.
Feira de Santana, como o resto do país, teve um ano horroroso para o emprego. Nada menos que 6.002 vagas foram fechadas no mercado de trabalho (31.837 pessoas foram admitidas ao longo de 2016 e 37.839 demitidas). Os dados anuais foram conhecidos com a divulgação dos números de dezembro.
Todos os meses tiveram saldo negativo e o último foi o pior, com mais de mil vagas extintas. Em dezembro, houve 1.992 admissões e 3.023 desligamentos. Saldo negativo de 1.031.
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Numa crise tão grande, naturalmente nenhum setor escapou. O pior de todos foi o da construção civil, que terminou o ano com a perda de 1.905 vagas, quase um terço do total geral.
O Caged, banco de dados do Ministério do Trabalho, fornece diversos tipos de estatísticas, nos níveis municipal, estadual e nacional e também faz a divisão por setor.
Depois da construção civil, serviços foi o mais afetado, com 1.812 empregos a menos. Em seguida vem o comércio, que perdeu 1.140 postos de trabalho ao longo de 2016. Na indústria, foram-se 1.028 empregos.